segunda-feira, 26 de junho de 2017

Verdades Ocultas na Parábola do Filho Pródigo!

Introdução 

A Parábola do Filho Pródigo é realmente uma bela e profunda parábola, mas Jesus não a apresentou para ser uma espécie de resumo do que seja a vida cristã, mas para ilustrar uma parte do que significa esta vida. Podemos afirma que existem Verdades Ocultas na Parábola do Filho Pródigo

Por exemplo: ela não faz qualquer alusão à expiação do pecado pelo sangue de Cristo, mas sabemos que foi esta expiação que possibilitou que o pai, que representa Deus na parábola, corresse para o filho e pudesse perdoá-lo e recebê-lo para estar reconciliado com ele, apesar de toda a sua dívida de faltas e pecados cometidos contra o seu pai.

Fazer, portanto, desta parábola um resumo de todo o cristianismo é incorrer em grande erro, porque o amor de Deus pelos pecadores perdidos não se fundamenta em mero sentimento ou emoção. Seu amor se funda na eleição incondicional na qual não conta qualquer mérito da nossa parte.

O pai não recebeu o filho pelo fato de reconhecer que havia algo de valor no rapaz, ou então porque houvesse da sua parte bons atos praticados no passado que deveriam ser recompensados com o seu acolhimento. Ele fora filho no coração do pai antes mesmo de ter sido criado, mas importava que esta filiação se confirmasse pelo arrependimento e busca do pai para compartilhar da sua intimidade. Isto a parábola revela, ainda que não de modo direto.

Esta verdade está ali nela contida, sublinhada com a declaração do pai de que o pródigo se achava morto e perdido, antes de retornar ao lar.

E o que permitiu o seu acolhimento foi o arrependimento e fé na bondade e misericórdia do seu pai. Outro ponto essencial do cristianismo que não é citado nesta parábola é a ação do Espírito Santo na nossa conversão e transformação, e o esforço empreendido por Deus na sua busca incansável dos perdidos. Por isso, temos nas duas outras parábolas que nosso Senhor apresentou na mesma ocasião (Ovelha Perdida e Drama Perdida), o esforço anteriormente citado.

Sem o todo da revelação que temos em outras partes das Escrituras, e caso nosso Senhor tivesse contado a Parábola do Filho Pródigo para ser um resumo do cristianismo, o que não é o caso.

Nós poderíamos afirmar que se alguém está afastado de Deus, por sua própria iniciativa, como foi o caso do pródigo, então estaríamos autorizados a não fazer qualquer esforço com nossas orações intercessoras, e outros meios, para trazer o perdido de volta à vida.

Todavia, sabemos claramente que não temos nenhuma autorização das Escrituras para adotarmos este tipo de comportamento.

Por isso o propósito da parábola é exatamente o de demonstrar que há grande alegria no céu pela conversão dos pecadores, e que Deus está plenamente disposto a receber todos os perdidos que vierem a Ele em busca de reconciliação.

A parábola tem este grande objetivo de incentivar os pecadores a buscarem refúgio em Deus, com plena confiança de que não serão rejeitados.

Nosso Senhor havia afirmado em outra ocasião que não rejeitaria a qualquer pessoa que viesse a Ele em busca de salvação, e que jamais a lançaria fora.

Nada e ninguém poderão impedir que o pai recebesse o filho no lar celestial, nem mesmo os que tentarem impedi-lo sob a alegação de estarem servindo a Deus fielmente, como se destaca na parábola no procedimento do irmão mais velho do pródigo. Um pecador pode ser muito vil para toda e qualquer outra coisa, mas ele não pode ser muito vil para a salvação. Estas verdades podem ser vistas de modo muito claro na Parábola do Filho Pródigo. 


Aprendendo Com os Erros do Filho mais Velho

É possível uma pessoa ter um pai incrível, uma casa maravilhosa, um campo cheio de novilhos, empregados, acesso à boa música, amigos e, mesmo assim, estar insatisfeito, vivendo como um pobre infeliz?

 Veja como a atitude do irmão mais velho do “filho pródigo” revela sentimentos autodestrutivos.

O texto diz:

“E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças. E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. Mas ele se indignou, e não queria entrar”. (Lc 15.25-28

Quando o “filho pródigo” chegou em casa, depois de ter passado muito tempo fora, seu  irmão mais velho estava no campo, e demorou a retornar. Quando estava voltando, ao ver aquela festa promovida pelo pai para celebrar a volta do irmão caçula, ele deixou vazar do seu coração os sentimentos negativos que fazia dele um “pródigo”, apesar de não ter saído de casa.

 Veja como ele está em crise:

Primeiro: ele não aceitava entrar naquela festa “... indignou-se e não queria entrar”;
Segundo: ele já não considerava o outro como seu irmão, ele diz ao pai: “Este teu filho...”;
Terceiro: o que o pai estava fazendo para o outro filho ele considerava um desperdício:

“Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado”;

Quarto: ele, apesar de ter tudo, vivia como um mendigo era um rico/pobre;
Quinto: ele cobra do pai aquilo que já era seu, por direito:

“Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas...”;

Sexto: ele nunca conseguiu servir e obedecer ao pai por amor e prazer.

“...Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos...”;

Sétimo: ele sofre de complexo de superioridade e de perfeição. Isto fica explícito quando ele afirma:
“...Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento...”;

Oitavo: ao não querer se envolver na festa do pai, do irmão, enfim, da festa da família, ele acabou se revelando como uma pessoa que possuía um tipo de estado de mau humor crônico.

O retrato do mal-humorado crônico:

1. Gera confusão com facilidade (Pv 15.1; 18).
2. É implicante e desanima as pessoas (Pv 15.4).
3. Vive com uma expressão facial de gente amarga (Pv 15.13).
4. Os seus dias são escuros ou cinzentos (Pv 15.15)
5. Se auto - destrói (Pv 17.22; 20.2).
6. Por vezes, é tido como tolo, louco (Pv 14.29).
7. Sua herança será o vento (Pv 11.29).
8. É extremamente pessimista, por isso, só enxerga o lado ruim das coisas.
9. Por qualquer motivo explode, tem “pavio-curto”.
10. Para ele, ninguém presta.
11. Nunca está satisfeito com nada.
12. Dependendo da festa, ainda que seja por uma razão nobre, não participa.
13. É uma pessoa “tóxica”, ou seja, “intoxica” a todos à sua volta.

 *Por detrás das manifestações de mal -humor, sempre está alguém com dificuldade de perdoar, ou dominada pela inveja, intolerância, complexo de superioridade ou pelo sentimento de vingança.

 1°. Quando a festa do outro incomoda.

 A inveja é um dos sentimentos mais destrutivos que acabam deformando as pessoas. A palavra “inveja” deriva do latim invidia, descrito no dicionário inglês, Oxford, como “olhar malicioso”.
O que o irmão do “filho pródigo” não sabia era amar. Isso porque só as pessoas que amam de verdade são capazes de chorar com os que choram e celebrar com os que celebram. São estas as pessoas que não permitem que a inveja encontre espaço no seu coração porque o mesmo transborda de amor.
Foi o apóstolo Paulo quem afirmou: “... o amor não é invejoso...” (1Co 13.4).  Há pessoas que são capazes de chorar com os que choram, mas não são capazes de se alegrar com os que se alegram. Você sabia que há aqueles que “amam” você quando você está sofrendo, e que o “odeiam” quando você está feliz?

Podemos também definir a inveja como um sentimento de inferioridade, que encontra alívio na contemplação das tristezas e infortúnios reais ou imaginários dos outros. Incapaz de superar suas fraquezas, o invejoso consola-se com o pensamento de que todos as têm em dose igual. É a democracia dos complexos. A inveja é como erva - daninha, que viceja em qualquer terreno.

E, muitas vezes, brota onde menos se espera.

 “A inveja é chamada de pecado destruidor porque não se conforma com possuir mais, ou melhor. Gostaria, sim, de destruir o que o outro possui. Por isso mesmo, acaba destruindo o próprio invejoso, corroendo o seu coração com o desgosto de contemplar o bem do próximo”.

Descreve o Jesus Hortal, doutor em Direito Canônico e reitor da PUC-Rio. Segundo ele, a doutrina clássica define a inveja como “uma tristeza por causa do bem alheio”. Ou seja, o incômodo surge em decorrência não do próprio sentimento de falta, mas como uma infelicidade pela posse do outro.

O desejo é o de possuir aquilo que é possuído pelo outro. É “preciso” comprar o carro do outro, não igual, mas, de preferência, o mesmo. É “preciso” ter o mesmo casaco, comprado na mesma loja. Se não se consegue isso, então a saída é queimar o casaco do outro com um isqueiro ou fósforo. Acidentalmente, e inconscientemente, é claro!

Pois a cólera causada pela inveja desperta o desejo inconsciente de destruir aquilo que é cobiçado no outro. Se não se tem, então é preciso destruir. Mas, em cada pessoa, esses sentimentos manifestam-se de formas diferentes.

Antítenes disse: “A inveja consome o invejoso como a ferrugem, o ferro”. 

A Bíblia registra muitos casos de conflitos, perseguição e morte por causa da inveja.

. A inveja foi à causa do primeiro homicídio registrado na Bíblia: “Caim matou seu irmão Abel” (Gn 4.4-8).
. A inveja foi à causa dos grandes problemas na família de Jacó (Gn 37.11).
. A inveja foi à causa da perseguição de Saul contra Davi (1Sm 18.8).
. A inveja foi à causa da morte de Core e mais quatorze mil e setecentos homens (Nm 16.1-50).
. A inveja fez Sabala se opor ao trabalho de Neemias (Ne 2.10).
. A inveja de Hamã foi à causa do seu enforcamento (Et 5.13; 7.10).
. A inveja dos homens levou Daniel para a cova dos leões (Dn 6.1-28).

. Os principais sacerdotes, movidos pela inveja, entregaram Jesus para ser crucificado (Mc 15.10).
Thomas Brooks disse: “A inveja tortura as afeições, incomoda a mente, inflama o sangue, corrompe o coração, devasta o espírito; e assim se torna, ao mesmo tempo, torturadora e carrasco do homem”.

Teste seu coração, com relação à inveja:

O retrato de um invejoso...

1. Não suporta ouvir o outro falando sobre os seus sonhos, projetos e ideais. Isso lhe provoca a ira. (Ex: José e seus irmãos, Gn 37).
2. Diante do sucesso do outro, a pessoa se sente injustiçada por Deus.
3. O invejoso sente-se incomodado com a presença daquele que está celebrando uma grande conquista. A manifestação de alegria do outro lhe causa perturbação.
4. Busca difamar (tirar a boa fama) do outro, que está melhor do que ele, que chegou à frente, que fez melhor, que conquistou mais.
5. As conquistas do outro lhe provocam grande tristeza, estraga o seu dia, o faz perder o sono.
6. Alegra-se quando fica sabendo do fracasso do outro.
7. São capazes de levantar uma calúnia para impedir o crescimento do outro.
8. Toda pessoa invejosa é “fofoqueira”. Uma das causas das conversas vis é a inveja. cf. (Pv 27.4; Ec 4.4; Mt 7.22; Rm 13.13; 1Co 3.3; 1Co 13.3).

2°. Quando falta misericórdia e sobra desejo de vingança!

A maneira como nos relacionamos com aquele irmão que cometeu um grave erro, e se arrependeu, revela o que há em nosso coração: misericórdia ou sentimento de vingança.
Para o irmão do “filho pródigo”, o pai deveria aproveitar aquela oportunidade para se vingar; afinal de contas, aquele rapaz que voltou foi quem flechou o coração do “velho”. A dificuldade daquele filho em perdoar demonstrou que, apesar de estar tão perto de um pai perdoador e gracioso, ele não aprendeu absolutamente nada sobre a arte de perdoar. Isso mostra que ele não era um discípulo, mas apenas uma sombra. O discípulo aprende e procura viver como o seu mestre. A vingança, por menor que seja, envenena a alma.  Infelizmente é isso que acontece com muitos filhos, cujos pais são grande mestres, mas eles preferem não aprender, por falta de humildade.

A mesma coisa aconteceu com Ló, que teve a oportunidade de aprender, e muito, com o tio Abraão. Mas pelas suas atitudes, demonstrou que não assimilou aquilo que deveria ter aprendido. Chegou um momento em que os dois não podiam mais andar juntos cf. (Gn 12 e 13).

Se você tem um pai cujo caráter vale à pena imitar, não deixe de seguir os seus passos. Porém, se ele não é o que você gostaria de ser, aprenda com os seus erros, para não errar. Se o teu pai é ou foi um homem humilde, generoso, perdoador, piedoso, presente, compreensivo, honesto, gentil, sensível, carinhoso, que sabe ou sabia compartilhar, amigo, companheiro, amoroso, seja você um fiel discípulo dele, alguém que soube aprender com o seu mestre!

3°. Quanto custa um filho? Quem não foi pai, nunca saberá quanto custa um filho!
 “Vindo, porém, este teu filho...” (v.30).

Exemplo de Jesus

Só tem noção dessa dor quem sabe quanto lhe custa um filho!

*Se o irmão mais velho da parábola já fosse um pai, com certeza ele compreenderia mais facilmente as ações carregadas de misericórdia do seu próprio pai com relação ao seu irmão caçula (o filho recuperado).  A melhor maneira para compreender a alegria ou as lágrimas de alguém é se colocando no lugar dessa pessoa.

 4°. Por que muitas pessoas que possuem bens materiais vivem como se fossem pobres?

Um filho de fazendeiro que vivia como se fosse um empregado. “E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas;” (Lc 15.31).  Em algum lugar, eu ouvi uma história que nos ensina uma grande lição.

 Diz-se que certo homem comprou uma passagem de navio para fazer uma viagem de alguns dias para outro país. Sabendo que seria uma viagem longa e demorada, e não tendo muito recurso financeiro, ele preparou uma boa quantidade de pães para comer até chegar ao seu destino final. Os dias foram se passando, e os pães foram envelhecendo, e alguns até embolorando. O viajante já não estava aguentando mais comer aqueles pães envelhecidos. Quando a viagem já estava terminando, alguém, que vinha observando ele comer todos os dias aqueles pães velhos, perguntou-lhe:
“Por que o senhor não faz as suas refeições no restaurante conosco?” E ele respondeu-lhe:“Eu não tenho dinheiro para isso. O que eu tinha só dava para comprar a passagem e esses pães”. O homem, com muita pena, disse: “Deixe-me ver sua passagem.” Após ler o bilhete, ele disse ao viajante: “Quando você comprou esta passagem, já estavam incluídas todas as refeições durante a viagem: café, almoço e jantar. Porém, agora é tarde. Já chegamos.”

Assim estava vivendo o irmão mais velho. Há muitas pessoas que são ricas/pobres: elas têm muito, mas vivem como miseráveis. O rapaz reclamava de um “novilho”, quando era dono da fazenda toda.

A inveja, o mau humor e a falta de perdão podem cegar uma pessoa, fazendo com que ela passe fome, tendo muita comida; passe sede, tendo uma fonte de água cristalina; passe frio, tendo disponível muito agasalho; e viva com medo, mesmo tendo proteção.

 5°. O que pode estar por detrás das cobranças injustificáveis.

“... Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos...” (Lc 15.29b).

Há um forte indício de que existe um problema maior escondido no coração de quem vive reclamando, quando as cobranças extrapolam os limites do bom senso.

Observe: que o filho mais velho poderia ter feito essa reclamação antes da chegada do irmão, pois há muito tempo ele vinha com esse sentimento na alma. Esta é a maior evidência de que a causa da sua indignação não era o“cabrito” em si, mas sim a sua dificuldade em perdoar e aceitar a volta do irmão.

. Quando uma esposa, um marido ou um filho começam a fazer muitas cobranças, reclamar excessivamente, jogar diante do outro o que fez, e nunca fora reconhecido, é porque sentimentos negativos estão acumulados no“porão da alma”, gerando uma espécie de raiz de amargura.

. Quando as reclamações e as cobranças começam a ser feitas, sem que existam motivos aparentemente justos, é bom sondar o coração, esquadrinhar a alma e começar a jogar fora os lixos emocionais acumulados.

O apóstolo Paulo, escrevendo para a igreja de Éfeso, disse:

“Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós, Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef 4.31-32)ACF

6°. Quem não serve e obedece aos pais por prazer, não vive com suavidade e leveza a vida em família.

A vida perde a graça quando se faz as coisas apenas por obrigação, e não por prazer. O irmão mais velho da parábola do “Filho Pródigo” era um filho que servia e obedecia ao pai, aparentemente, como se fosse obrigado a fazê-lo. Isso fica claro quando ele diz: “... te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito...” (Lc 15.29b).  Na verdade, ele era um filho que estava vivendo como se fosse um “empregado” mal remunerado.

 As pessoas que sabem viver a vida com qualidade são aquelas que obedecem e servem aos pais por amor, prazer e gratidão. Seguem abaixo, alguns conselhos aos filhos:

a) Não viva em casa como um empregado, se você é filho (Ef 6.1-3).
b) Os filhos brilhantes não precisam fazer contabilidade no relacionamento com os pais, porque sabem que tudo que pertence ao pai lhe pertence também (Lc 15.31).
c) Tudo na vida é uma questão de semeadura, e quem sabe semear o melhor na convivência com os pais, com certeza vai colher o melhor de Deus nesta vida.
d) Lembre-se, só cobra do pai, como o irmão mais velho da parábola o fez, quem não tem consciência de que é filho.

 7°. O complexo de perfeição e de superioridade nos impede de aceitar os imperfeitos e pecadores.

 “... sem nunca transgredir o teu mandamento...”.

 *Aquele rapaz sofria um tipo de “complexo de perfeição”. Este sentimento o impedia de liberar perdão e aceitar o irmão que havia cometido o erro. Ele estava tão revoltado com tudo aquilo, que acabava não o aceitando como tal, pois em vez de dizer “este meu irmão”, ele dizia “este teu filho”.
Essa atitude me faz lembrar da “Ilustrações – Jogando Luz no Sermão”:

Um casal, recém-casado, mudou-se para um bairro muito tranquilo. Na primeira manhã que passavam na casa, enquanto tomavam café, a mulher reparou, através da janela, uma vizinha que pendurava lençóis no varal, e comentou com o marido:

- Que lençóis sujos ela está pendurando no varal! Está precisando de um sabão novo! Se eu tivesse intimidade, perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas!

 O marido a tudo escutava, calado. Alguns dias depois, novamente, durante o café da manhã, a vizinha pendurava lençóis no varal, e a mulher, novamente, comentou com o marido:

 - Nossa vizinha continua pendurando os lençóis sujos! Se eu tivesse intimidade, perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas! E assim, a cada dois ou três dias, a  mulher repetia seu discurso, enquanto a vizinha pendurava suas roupas no varal.

Passado um mês, a mulher se surpreendeu ao ver os lençóis muito brancos sendo estendidos e, toda empolgada, foi dizer ao marido:

 - Veja, ela aprendeu a lavar as roupas! Será que alguém a ensinou? Porque eu mesma não disse nada! O marido calmamente respondeu:

 - Não. Hoje, eu levantei mais cedo e lavei os vidros da nossa janela!

 E assim é. Tudo depende da janela através da qual observamos os fatos.

 *A janela através da qual o irmão do “filho pródigo” estava observando os fatos precisava ser lavada. Toda pessoa que tem complexo de perfeição ou de superioridade, para a qual ninguém presta e, com facilidade, julga e condena, tem problema na sua “janela”.

  A Bíblia diz: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgais segundo a reta justiça” (João 7.24).

“Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão” (Lc 6.37)ACF

Antes de condenar alguém, verifique se você fez alguma coisa para contribuir; depois, verifique seus próprios defeitos e limitações. E, se necessitar, não se acanhe: “lave sua vidraça”. Você jamais será o único a fazê-lo!

8°. O mau humor crônico distorce a visão e leva a pessoa a ter um comportamento pessimista, indiferente e, muitas vezes, agressivo.

 A indignação daquele filho mais velho em não querer entrar na festa do irmão revelou também um estado de espírito caracterizado por um tipo de “mau humor crônico”.  A escritora, Lia Luft, em um de seus artigos sobre família, escreveu: “Em muitos relacionamentos não está faltando amor, mas sim, humor”.

 Veja como as palavras daquele jovem estão carregadas de mau humor, quando ele fica sabendo que a festa que estava ocorrendo era para celebrar a volta do irmão: “... ele se indignou, e não queria entrar.” Quando o pai sai para tentar convencê-lo a entrar, ele responde: “Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos; Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado!” (Lc 15.28-30).

 *Uma pessoa mal-humorada não vê os fatos sob a perspectiva correta.  O escritor da carta aos hebreus escreveu:

“Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem” (Hb 12.15)ACF

Deus quer que nós vivamos com suavidade, alegria e paz. Isto porque o mau humor é extremamente prejudicial à saúde, tanto física quanto espiritual. Nada é mais destrutivo para o relacionamento interpessoal do que o mau humor crônico de uma pessoa.

Você já percebeu que toda pessoa mal-humorada tende a se irar com facilidade? O apóstolo Paulo, percebendo isso no comportamento dos irmãos da igreja que estava em Éfeso, escreveu: “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Ef 4.26)ACF.  Quando estiverem irados, não pequem, alimentando o seu próprio rancor. Não deixem que o sol se ponha com vocês ainda irados – resolvam isso logo; porque quando vocês estão irados, oferecem um fortíssimo ponto de apoio ao diabo. “Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós” (Ef 4.31)ACF. Deixem de ser mesquinhos, irritados e mal-humorados. As contendas, as palavras ásperas e a antipatia pelos outros não devem ter lugar na vida de vocês.


Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros.

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