Introdução
A Parábola do Filho Pródigo é
realmente uma bela e profunda parábola, mas Jesus não a apresentou para ser uma
espécie de resumo do que seja a vida cristã, mas para ilustrar uma parte do que
significa esta vida. Podemos afirma que existem Verdades Ocultas na Parábola do Filho Pródigo
Por exemplo: ela não faz qualquer
alusão à expiação do pecado pelo sangue de Cristo, mas sabemos que foi esta
expiação que possibilitou que o pai, que representa Deus na parábola, corresse
para o filho e pudesse perdoá-lo e recebê-lo para estar reconciliado com ele,
apesar de toda a sua dívida de faltas e pecados cometidos contra o seu pai.
Fazer, portanto, desta parábola
um resumo de todo o cristianismo é incorrer em grande erro, porque o amor de
Deus pelos pecadores perdidos não se fundamenta em mero sentimento ou emoção.
Seu amor se funda na eleição incondicional na qual não conta qualquer mérito da
nossa parte.
O pai não recebeu o filho pelo
fato de reconhecer que havia algo de valor no rapaz, ou então porque houvesse
da sua parte bons atos praticados no passado que deveriam ser recompensados com
o seu acolhimento. Ele fora filho no coração do pai antes mesmo de ter sido
criado, mas importava que esta filiação se confirmasse pelo arrependimento e
busca do pai para compartilhar da sua intimidade. Isto a parábola revela, ainda
que não de modo direto.
Esta verdade está ali nela
contida, sublinhada com a declaração do pai de que o pródigo se achava morto e
perdido, antes de retornar ao lar.
E o que permitiu o seu
acolhimento foi o arrependimento e fé na bondade e misericórdia do seu pai.
Outro ponto essencial do cristianismo que não é citado nesta parábola é a ação
do Espírito Santo na nossa conversão e transformação, e o esforço empreendido
por Deus na sua busca incansável dos perdidos. Por isso, temos nas duas outras
parábolas que nosso Senhor apresentou na mesma ocasião (Ovelha Perdida e Drama
Perdida), o esforço anteriormente citado.
Sem o todo da revelação que temos
em outras partes das Escrituras, e caso nosso Senhor tivesse contado a Parábola
do Filho Pródigo para ser um resumo do cristianismo, o que não é o caso.
Nós poderíamos afirmar que se
alguém está afastado de Deus, por sua própria iniciativa, como foi o caso do
pródigo, então estaríamos autorizados a não fazer qualquer esforço com nossas
orações intercessoras, e outros meios, para trazer o perdido de volta à vida.
Todavia, sabemos claramente que
não temos nenhuma autorização das Escrituras para adotarmos este tipo de
comportamento.
Por isso o propósito da parábola
é exatamente o de demonstrar que há grande alegria no céu pela conversão dos
pecadores, e que Deus está plenamente disposto a receber todos os perdidos que
vierem a Ele em busca de reconciliação.
A parábola tem este grande
objetivo de incentivar os pecadores a buscarem refúgio em Deus, com plena
confiança de que não serão rejeitados.
Nosso Senhor havia afirmado em
outra ocasião que não rejeitaria a qualquer pessoa que viesse a Ele em busca de
salvação, e que jamais a lançaria fora.
Nada e ninguém poderão impedir que
o pai recebesse o filho no lar celestial, nem mesmo os que tentarem impedi-lo
sob a alegação de estarem servindo a Deus fielmente, como se destaca na
parábola no procedimento do irmão mais velho do pródigo. Um pecador pode ser
muito vil para toda e qualquer outra coisa, mas ele não pode ser muito vil para
a salvação. Estas verdades podem ser vistas de modo muito claro na Parábola do
Filho Pródigo.
Aprendendo Com os Erros do Filho mais
Velho
É possível uma pessoa ter um pai
incrível, uma casa maravilhosa, um campo cheio de novilhos, empregados, acesso
à boa música, amigos e, mesmo assim, estar insatisfeito, vivendo como um pobre
infeliz?
Veja como a atitude do irmão mais velho do
“filho pródigo” revela sentimentos autodestrutivos.
O texto diz:
“E o seu filho mais velho estava
no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças. E,
chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. E ele lhe disse: Veio teu
irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. Mas ele
se indignou, e não queria entrar”. (Lc 15.25-28
Quando o “filho pródigo” chegou
em casa, depois de ter passado muito tempo fora, seu irmão mais velho estava no campo, e demorou a
retornar. Quando estava voltando, ao ver aquela festa promovida pelo pai para
celebrar a volta do irmão caçula, ele deixou vazar do seu coração os
sentimentos negativos que fazia dele um “pródigo”, apesar de não ter saído de
casa.
Veja como ele está em crise:
Primeiro: ele não
aceitava entrar naquela festa “... indignou-se e não queria entrar”;
Segundo: ele já
não considerava o outro como seu irmão, ele diz ao pai: “Este teu filho...”;
Terceiro: o que o
pai estava fazendo para o outro filho ele considerava um desperdício:
“Vindo, porém, este teu filho,
que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado”;
Quarto: ele,
apesar de ter tudo, vivia como um mendigo era um rico/pobre;
Quinto: ele cobra
do pai aquilo que já era seu, por direito:
“Filho, tu sempre estás comigo, e
todas as minhas coisas são tuas...”;
Sexto: ele nunca
conseguiu servir e obedecer ao pai por amor e prazer.
“...Eis que te sirvo há tantos
anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para
alegrar-me com os meus amigos...”;
Sétimo: ele sofre
de complexo de superioridade e de perfeição. Isto fica explícito quando ele
afirma:
“...Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu
mandamento...”;
Oitavo: ao não
querer se envolver na festa do pai, do irmão, enfim, da festa da família, ele
acabou se revelando como uma pessoa que possuía um tipo de estado de mau
humor crônico.
O retrato do
mal-humorado crônico:
1. Gera confusão com facilidade (Pv 15.1; 18).
2. É implicante e desanima as pessoas (Pv 15.4).
3. Vive com uma expressão facial de gente amarga (Pv 15.13).
4. Os seus dias são escuros ou cinzentos (Pv 15.15)
5. Se auto - destrói (Pv 17.22; 20.2).
6. Por vezes, é tido como tolo, louco (Pv 14.29).
7. Sua herança será o vento (Pv 11.29).
8. É extremamente pessimista, por isso, só enxerga o lado
ruim das coisas.
9. Por qualquer motivo explode, tem “pavio-curto”.
10. Para ele, ninguém presta.
11. Nunca está satisfeito com nada.
12. Dependendo da festa, ainda que seja por uma razão nobre,
não participa.
13. É uma pessoa “tóxica”, ou seja, “intoxica” a todos à sua
volta.
*Por detrás das manifestações de mal -humor,
sempre está alguém com dificuldade de perdoar, ou dominada pela inveja,
intolerância, complexo de superioridade ou pelo sentimento de vingança.
1°. Quando a festa do outro incomoda.
A inveja é um dos
sentimentos mais destrutivos que acabam deformando as pessoas. A palavra
“inveja” deriva do latim invidia, descrito no dicionário inglês, Oxford, como
“olhar malicioso”.
O que o irmão do “filho pródigo” não sabia era amar. Isso
porque só as pessoas que amam de verdade são capazes de chorar com os que
choram e celebrar com os que celebram. São estas as pessoas que não permitem
que a inveja encontre espaço no seu coração porque o mesmo transborda de amor.
Foi o apóstolo Paulo quem
afirmou: “... o amor não é invejoso...” (1Co 13.4). Há pessoas que são capazes de chorar com os
que choram, mas não são capazes de se alegrar com os que se alegram. Você sabia
que há aqueles que “amam” você quando você está sofrendo, e que o “odeiam”
quando você está feliz?
Podemos também definir a inveja
como um sentimento de inferioridade, que encontra alívio na contemplação das
tristezas e infortúnios reais ou imaginários dos outros. Incapaz de superar
suas fraquezas, o invejoso consola-se com o pensamento de que todos as têm em
dose igual. É a democracia dos complexos. A inveja é como erva - daninha, que
viceja em qualquer terreno.
E, muitas vezes,
brota onde menos se espera.
“A inveja é chamada de pecado destruidor
porque não se conforma com possuir mais, ou melhor. Gostaria, sim, de destruir
o que o outro possui. Por isso mesmo, acaba destruindo o próprio invejoso,
corroendo o seu coração com o desgosto de contemplar o bem do próximo”.
Descreve o Jesus Hortal, doutor
em Direito Canônico e reitor da PUC-Rio. Segundo ele, a doutrina clássica
define a inveja como “uma tristeza por
causa do bem alheio”. Ou seja, o incômodo surge em decorrência não do
próprio sentimento de falta, mas como uma infelicidade pela posse do outro.
O desejo é o de possuir aquilo
que é possuído pelo outro. É “preciso” comprar o carro do outro, não igual,
mas, de preferência, o mesmo. É “preciso” ter o mesmo casaco, comprado na mesma
loja. Se não se consegue isso, então a saída é queimar o casaco do outro com um
isqueiro ou fósforo. Acidentalmente, e inconscientemente, é claro!
Pois a cólera causada pela inveja
desperta o desejo inconsciente de destruir aquilo que é cobiçado no outro. Se
não se tem, então é preciso destruir. Mas, em cada pessoa, esses sentimentos
manifestam-se de formas diferentes.
Antítenes disse: “A
inveja consome o invejoso como a ferrugem, o ferro”.
A Bíblia registra muitos casos de
conflitos, perseguição e morte por causa da inveja.
. A inveja foi à causa do
primeiro homicídio registrado na Bíblia: “Caim matou seu irmão Abel” (Gn
4.4-8).
. A inveja foi à causa dos
grandes problemas na família de Jacó (Gn 37.11).
. A inveja foi à causa da
perseguição de Saul contra Davi (1Sm 18.8).
. A inveja foi à causa da morte
de Core e mais quatorze mil e setecentos homens (Nm 16.1-50).
. A inveja fez Sabala se opor ao
trabalho de Neemias (Ne 2.10).
. A inveja de Hamã foi à causa do
seu enforcamento (Et 5.13; 7.10).
. A inveja dos homens levou
Daniel para a cova dos leões (Dn 6.1-28).
. Os principais sacerdotes,
movidos pela inveja, entregaram Jesus para ser crucificado (Mc 15.10).
Thomas Brooks disse: “A
inveja tortura as afeições, incomoda a mente, inflama o sangue, corrompe o
coração, devasta o espírito; e assim se torna, ao mesmo tempo, torturadora e
carrasco do homem”.
Teste seu coração, com relação à inveja:
O retrato de um
invejoso...
1. Não suporta ouvir o outro falando sobre os seus sonhos,
projetos e ideais. Isso lhe provoca a ira. (Ex: José e seus irmãos, Gn 37).
2. Diante do sucesso
do outro, a pessoa se sente injustiçada por Deus.
3. O invejoso sente-se incomodado com a
presença daquele que está celebrando uma grande conquista. A manifestação de
alegria do outro lhe causa perturbação.
4. Busca difamar (tirar a boa fama) do outro,
que está melhor do que ele, que chegou à frente, que fez melhor, que conquistou
mais.
5. As conquistas do outro lhe provocam grande
tristeza, estraga o seu dia, o faz perder o sono.
6. Alegra-se quando fica sabendo
do fracasso do outro.
7. São capazes de levantar uma calúnia para impedir o
crescimento do outro.
8. Toda pessoa invejosa é “fofoqueira”. Uma das causas das
conversas vis é a inveja. cf. (Pv 27.4; Ec 4.4; Mt 7.22; Rm 13.13; 1Co 3.3; 1Co
13.3).
2°. Quando falta misericórdia e sobra desejo de vingança!
A maneira como nos relacionamos
com aquele irmão que cometeu um grave erro, e se arrependeu, revela o que há em
nosso coração: misericórdia ou sentimento de vingança.
Para o irmão do “filho pródigo”,
o pai deveria aproveitar aquela oportunidade para se vingar; afinal de contas,
aquele rapaz que voltou foi quem flechou o coração do “velho”. A dificuldade
daquele filho em perdoar demonstrou que, apesar de estar tão perto de um pai
perdoador e gracioso, ele não aprendeu absolutamente nada sobre a arte de
perdoar. Isso mostra que ele não era um discípulo, mas apenas uma sombra. O
discípulo aprende e procura viver como o seu mestre. A vingança, por menor que
seja, envenena a alma. Infelizmente é isso
que acontece com muitos filhos, cujos pais são grande mestres, mas eles
preferem não aprender, por falta de humildade.
A mesma coisa aconteceu com Ló,
que teve a oportunidade de aprender, e muito, com o tio Abraão. Mas pelas suas
atitudes, demonstrou que não assimilou aquilo que deveria ter aprendido. Chegou
um momento em que os dois não podiam mais andar juntos cf. (Gn 12 e 13).
Se você tem um pai cujo caráter
vale à pena imitar, não deixe de seguir os seus passos. Porém, se ele não é o
que você gostaria de ser, aprenda com os seus erros, para não errar. Se o teu
pai é ou foi um homem humilde, generoso, perdoador, piedoso, presente,
compreensivo, honesto, gentil, sensível, carinhoso, que sabe ou sabia
compartilhar, amigo, companheiro, amoroso, seja você um fiel discípulo dele,
alguém que soube aprender com o seu mestre!
3°. Quanto custa um filho? Quem não foi pai, nunca saberá quanto custa
um filho!
“Vindo, porém, este teu
filho...” (v.30).
Exemplo de Jesus
Só tem noção dessa dor quem sabe quanto lhe custa um filho!
*Se o irmão mais velho da parábola já fosse um pai, com
certeza ele compreenderia mais facilmente as ações carregadas de misericórdia
do seu próprio pai com relação ao seu irmão caçula (o filho recuperado). A melhor maneira para compreender a alegria
ou as lágrimas de alguém é se colocando no lugar dessa pessoa.
4°. Por que muitas pessoas que possuem bens
materiais vivem como se fossem pobres?
Um filho de fazendeiro que vivia
como se fosse um empregado. “E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e
todas as minhas coisas são tuas;” (Lc 15.31).
Em algum lugar, eu ouvi uma história que nos ensina uma grande lição.
Diz-se que certo homem comprou uma passagem de
navio para fazer uma viagem de alguns dias para outro país. Sabendo que seria
uma viagem longa e demorada, e não tendo muito recurso financeiro, ele preparou
uma boa quantidade de pães para comer até chegar ao seu destino final. Os dias
foram se passando, e os pães foram envelhecendo, e alguns até embolorando. O
viajante já não estava aguentando mais comer aqueles pães envelhecidos. Quando
a viagem já estava terminando, alguém, que vinha observando ele comer todos os
dias aqueles pães velhos, perguntou-lhe:
“Por que o senhor não faz as suas
refeições no restaurante conosco?” E ele respondeu-lhe:“Eu não tenho dinheiro
para isso. O que eu tinha só dava para comprar a passagem e esses pães”. O
homem, com muita pena, disse: “Deixe-me ver sua passagem.” Após ler o bilhete,
ele disse ao viajante: “Quando você comprou esta passagem, já estavam incluídas
todas as refeições durante a viagem: café, almoço e jantar. Porém, agora é
tarde. Já chegamos.”
Assim estava vivendo o irmão mais
velho. Há muitas pessoas que são ricas/pobres: elas têm muito, mas vivem como
miseráveis. O rapaz reclamava de um “novilho”, quando era dono da fazenda toda.
A inveja, o mau humor e a falta
de perdão podem cegar uma pessoa, fazendo com que ela passe fome, tendo muita
comida; passe sede, tendo uma fonte de água cristalina; passe frio, tendo
disponível muito agasalho; e viva com medo, mesmo tendo proteção.
5°. O que pode estar por detrás
das cobranças injustificáveis.
“... Eis que te sirvo há tantos
anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para
alegrar-me com os meus amigos...” (Lc 15.29b).
Há um forte indício de que existe
um problema maior escondido no coração de quem vive reclamando, quando as cobranças
extrapolam os limites do bom senso.
Observe: que o filho mais velho
poderia ter feito essa reclamação antes da chegada do irmão, pois há muito
tempo ele vinha com esse sentimento na alma. Esta é a maior evidência de que a
causa da sua indignação não era o“cabrito” em si, mas sim a sua dificuldade em
perdoar e aceitar a volta do irmão.
. Quando uma esposa, um marido ou
um filho começam a fazer muitas cobranças, reclamar excessivamente, jogar
diante do outro o que fez, e nunca fora reconhecido, é porque sentimentos
negativos estão acumulados no“porão da alma”, gerando uma espécie de raiz de
amargura.
. Quando as reclamações e as
cobranças começam a ser feitas, sem que existam motivos aparentemente justos, é
bom sondar o coração, esquadrinhar a alma e começar a jogar fora os lixos
emocionais acumulados.
O apóstolo Paulo, escrevendo para a igreja de Éfeso, disse:
“Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e
toda a malícia sejam tiradas dentre vós, Antes sede uns para com os outros benignos,
misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em
Cristo” (Ef 4.31-32)ACF
6°. Quem não serve e obedece aos pais por prazer, não vive com
suavidade e leveza a vida em família.
A vida perde a graça quando se
faz as coisas apenas por obrigação, e não por prazer. O irmão mais velho da
parábola do “Filho Pródigo” era um filho que servia e obedecia ao pai,
aparentemente, como se fosse obrigado a fazê-lo. Isso fica claro quando ele diz:
“... te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca
me deste um cabrito...” (Lc 15.29b). Na
verdade, ele era um filho que estava vivendo como se fosse um “empregado” mal
remunerado.
As pessoas que sabem viver a vida com qualidade
são aquelas que obedecem e servem aos pais por amor, prazer e gratidão. Seguem
abaixo, alguns conselhos aos filhos:
a) Não viva em casa como um empregado, se você
é filho (Ef 6.1-3).
b) Os filhos brilhantes não precisam fazer
contabilidade no relacionamento com os pais, porque sabem que tudo que pertence
ao pai lhe pertence também (Lc 15.31).
c) Tudo na vida é uma questão de semeadura, e
quem sabe semear o melhor na convivência com os pais, com certeza vai colher o
melhor de Deus nesta vida.
d) Lembre-se, só cobra do pai, como o irmão
mais velho da parábola o fez, quem não tem consciência de que é filho.
7°. O complexo de perfeição e de superioridade
nos impede de aceitar os imperfeitos e pecadores.
“... sem nunca transgredir o teu
mandamento...”.
*Aquele rapaz sofria um tipo de “complexo de
perfeição”. Este sentimento o impedia de liberar perdão e aceitar o irmão que
havia cometido o erro. Ele estava tão revoltado com tudo aquilo, que acabava
não o aceitando como tal, pois em vez de dizer “este meu irmão”, ele dizia
“este teu filho”.
Essa atitude me faz lembrar da
“Ilustrações – Jogando Luz no Sermão”:
Um casal, recém-casado, mudou-se
para um bairro muito tranquilo. Na primeira manhã que passavam na casa,
enquanto tomavam café, a mulher reparou, através da janela, uma vizinha que
pendurava lençóis no varal, e comentou com o marido:
- Que lençóis sujos ela está
pendurando no varal! Está precisando de um sabão novo! Se eu tivesse
intimidade, perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas!
O marido a tudo escutava, calado. Alguns dias
depois, novamente, durante o café da manhã, a vizinha pendurava lençóis no
varal, e a mulher, novamente, comentou com o marido:
- Nossa vizinha continua pendurando os lençóis
sujos! Se eu tivesse intimidade, perguntaria se ela quer que eu a ensine a
lavar as roupas! E assim, a cada dois ou três dias, a mulher repetia seu discurso, enquanto a
vizinha pendurava suas roupas no varal.
Passado um mês, a mulher se
surpreendeu ao ver os lençóis muito brancos sendo estendidos e, toda empolgada,
foi dizer ao marido:
- Veja, ela aprendeu a lavar as roupas! Será
que alguém a ensinou? Porque eu mesma não disse nada! O marido calmamente
respondeu:
- Não. Hoje, eu levantei mais cedo e lavei os
vidros da nossa janela!
E assim é. Tudo depende da janela através da
qual observamos os fatos.
*A janela através da qual o irmão do “filho
pródigo” estava observando os fatos precisava ser lavada. Toda pessoa que tem
complexo de perfeição ou de superioridade, para a qual ninguém presta e, com
facilidade, julga e condena, tem problema na sua “janela”.
A Bíblia diz: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgais segundo a
reta justiça” (João 7.24).
“Não julgueis, e não sereis
julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão” (Lc
6.37)ACF
Antes de condenar alguém,
verifique se você fez alguma coisa para contribuir; depois, verifique seus
próprios defeitos e limitações. E, se necessitar, não se acanhe: “lave sua
vidraça”. Você jamais será o único a fazê-lo!
8°. O mau humor crônico distorce
a visão e leva a pessoa a ter um comportamento pessimista, indiferente e,
muitas vezes, agressivo.
A indignação daquele filho mais velho em não
querer entrar na festa do irmão revelou também um estado de espírito caracterizado
por um tipo de “mau humor crônico”. A
escritora, Lia Luft, em um de seus artigos sobre família, escreveu: “Em muitos
relacionamentos não está faltando amor, mas sim, humor”.
Veja como as palavras daquele jovem estão
carregadas de mau humor, quando ele fica sabendo que a festa que estava
ocorrendo era para celebrar a volta do irmão: “... ele se indignou, e não
queria entrar.” Quando o pai sai para tentar convencê-lo a entrar, ele
responde: “Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu
mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos;
Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes,
mataste-lhe o bezerro cevado!” (Lc 15.28-30).
*Uma pessoa mal-humorada não vê os fatos sob a
perspectiva correta. O escritor da carta
aos hebreus escreveu:
“Tendo cuidado de que ninguém se
prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos
perturbe, e por ela muitos se contaminem” (Hb 12.15)ACF
Deus quer que nós vivamos com
suavidade, alegria e paz. Isto porque o mau humor é extremamente prejudicial à
saúde, tanto física quanto espiritual. Nada é mais destrutivo para o
relacionamento interpessoal do que o mau humor crônico de uma pessoa.
Você já percebeu que toda pessoa
mal-humorada tende a se irar com facilidade? O apóstolo Paulo, percebendo isso
no comportamento dos irmãos da igreja que estava em Éfeso, escreveu: “Irai-vos,
e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Ef 4.26)ACF. Quando estiverem irados, não pequem,
alimentando o seu próprio rancor. Não deixem que o sol se ponha com vocês ainda
irados – resolvam isso logo; porque quando vocês estão irados, oferecem um
fortíssimo ponto de apoio ao diabo. “Toda a amargura, e ira, e cólera, e
gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós” (Ef 4.31)ACF.
Deixem de ser mesquinhos, irritados e mal-humorados. As contendas, as palavras
ásperas e a antipatia pelos outros não devem ter lugar na vida de vocês.
Antes sede uns para com os outros
benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros.
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