quinta-feira, 11 de abril de 2013

Levanta-te! Ele te chama.


Texto: Mc 10:46-52
Introdução.
Jesus causava alvoroço por onde passava. Mesmo quando realizava suas curas maravilhosas e pedia que as pessoas não as relatassem a ninguém, elas não conseguiam ficar sem dar glória a Deus e contavam para todo mundo. Então deste modo por todos os cantos corria a sua fama.
Quando esteve em Jericó não foi diferente. Havia naquele lugar um cego cuja cegueira era apenas uma privação dos sentidos, isto é, uma cegueira física e não espiritual, pois ao ouvir o barulho da multidão ao seu redor perguntou a um dos transeuntes o que estava acontecendo. Respondeu-lhe o homem que todos se encontravam agitados daquela maneira por causa de Jesus que ali se encontrava. Podemos assim notar que o cego de Jericó tinha uma aguçada percepção espiritual, discernindo algo diferente que estava acontecendo ao seu redor.
Desta forma o cego prontamente começou a clamar:
“...Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!” (Mc.10.47)
Primeiramente necessitamos entender o significado do verbo clamar, verbo de origem latina clamare, que quer dizer proferir em voz alta, gritar, implorar.
Citamos a seguir uns dos significados do verbo implorar, sinônimo de clamar, que mais nos chamam a atenção são:
-pedir com lágrimas ou em tom de súplica chorosa;
-pedir humildemente a ajuda de;
-solicitar com insistência.
Mas por que o significado deste verbo nos chama tanto a atenção? Talvez tenha sido por transmitir o sentido literal do que fez o cego de Jericó, ao estar tão próximo do salvador. Ele não se envergonhou, porém desceu ao pó, permitindo ao Eterno perceber a sinceridade do seu coração.
A reação da multidão foi contrária a sua atitude, ela expressa uma forma de repreensão e censura para com o procedimento do cego de Jericó com Jesus.
Comentário.
Jesus e seus discípulos ao sair de Jericó, seguido de uma multidão, deparou-se com um quadro diferente, encontrou um homem nestas condições:
1) Cego – condição
2) Sentado junto ao caminho – lugar, onde estava
3) Mendigando - o que fazia
Seu nome: Bartimeu, veja que as 3 características encontradas estão diretamente ligadas, vamos analisá-las:


1.        A CEGUEIRA – Privado de vista; homem que não vê.
* Se há limites para não enxergar, há também bloqueios para não avançar. O medo começa a se instalar: medo de cair, medo de não saber onde esta, ou onde está sendo levado...
*ao mesmo tempo em que precisa confiar no que dizem acerca do lugar para não se machucar.
No campo espiritual, a cegueira se instalou no homem por causa do pecado, e a partir dali ele foi privado de sua vista, não pode mais contemplar a glória de Deus. Um véu foi colocado porque “os sentidos foram endurecidos: porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do VT, o qual foi por Cristo abolido”. II Co 3:14
Marcos 15:38 – “Diz que o véu do templo se rasgou em dois de alto a baixo”, mas mesmo assim a cegueira permanece. Quando Jesus estava morrendo na cruz deu um grande brado – era o grito da vitoria, era o grito da libertação, o grito da cura da cegueira humana onde alguns continuam cegos, alguns continuam como o centurião. “Verdadeiramente esse homem era o filho de Deus”. Lc 15:38-39. Mas não passa disso, não passa de uma declaração.
O que Deus busca são cegos que queiram enxergar, que queiram ver seu filho na cruz, mas acima de tudo que desejem ter experiência genuína com ele.

2. COMODISMO – a cegueira trás essa conseqüência. Vemos qual era a postura de Bartimeu. “Estava assentado junto do caminho”. Bartimeu chegou no caminho mais não andou por ele, decidiu sentar-se junto dele.
O ato de sentar-nos fala de 2 coisas: 1 – estou cansado e 2 – não tenho pressa.
Quando procuramos um lugar para sentar é porque nossas pernas estão cansadas, não agüentam mais o peso do corpo. Vemos muitas pessoas assim, já andaram por tantos lugares, já fizeram longas caminhadas, procissões e estão cansadas, cansadas de procurar Deus, cansadas de procurar a felicidade, cansadas de procurar a paz e agora só me resta sentar e esperar socorro, livramento, ajuda.
Alguns sentam com o argumento: “não tem mais jeito, fazer o que?” ”não posso fazer nada”. Um dia Deus vai me tirar dessa situação.
Tudo isso vem no coração humano porque além da cegueira decide sentar mais sentar no lugar errado – a Palavra de Deus nos diz em Efésios 2:6 que: “Cristo nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus”.
Assentar nos lugares celestiais é usufruir dos direitos de filhos. Somente os filhos têm direito a herança, somente os filhos, os nascidos de novo, aqueles que estavam “mortos em suas ofensas, pela graça Cristo os vivificou juntamente com ele”. (Ef. 2:5).
O problema da cegueira é porque desprezamos a graça salvadora de Jesus, desprezamos o sacrifício, desprezamos o lugar celestial que ele preparou para nos assentar e decidimos como Bartimeu ficar sentado junto do caminho.
Em João 14:6, Jesus disse claramente: Eu sou o caminho, a verdade e a vida, mas como Bartimeu muitos estão junto do mais não no caminho.
Estar assentado junto do caminho é os que gostam de ouvir a palavra, gostam dos louvores, dos eventos, mas não querem compromisso, responsabilidade com o reino, estão “junto” participam, vão todos os domingos nos cultos, mas continuam cegos e pior entra na 3ª condição.

3. MENDIGANDO - MENDIGO = pedir por esmola. ESMOLA = o que se dá por caridade aos necessitados. No Antigo Testamento não tinha esta palavra, mas exigia que o povo abrisse a mão para os necessitados, os pobres da terra – DT 15:11 => diz que nunca cessará o pobre no meio da terra pelo que ordeno que livremente abra mão para teu irmão necessitado e para o pobre da tua terra.
Veja bem a condição de um mendigo. É um necessitado, uma pessoa que depende da caridade de outrem, uma pessoa que recebe qualquer coisa por não ter escolha, é um escravo da situação, da circunstancia tendo que se submeter a humilhações, vergonha, fome, nudez...
Nessa condição estão muitos mendigos espirituais que por não entrarem no caminho, estão junto dele pedindo esmolas: querem atenção; querem amor; querem suprimento financeiro; querem saúde; querem ser alvo de atenção dos outros; andam pelas igrejas como coitadinhos precisando de ajuda por viver de forma desgraçada na miséria emocional. Com casamentos desfeitos, vidas arruinadas pelos vícios, pela prostituição, pela homossexualidade, não foi para isso que o Pai te fez!!!
v. 47 – diz que aquele homem ouvindo. O que? Quem vinha pelo caminho? Jesus, o próprio caminho, ele começou a clamar.
Quando você entender que este caminho é a solução para sua cegueira, você fará o mesmo que Bartimeu; aquele homem começou a clamar:
Quando você entender que este caminho é a solução para sua cegueira, você fará o mesmo que Bartimeu; aquele homem começou a clamar: “Jesus, filho de Davi tem misericórdia de mim;”
Aquele grito era para chamar atenção do mestre à sua condição.
Hoje é dia de você fazer o mesmo, pare de ser ouvinte do evangelho, pare de andar junto, ande nele, com Ele. O estar junto não lhe garante salvação, segurança, portanto grite por socorro como Bartimeu, não fique cego na beira do caminho, clame por misericórdia. Porque a atitude de Jesus não é como do homem (v. 48) que o repreendiam para que se calasse, mas não se cale, clame mais. A atitude do mestre ao clamor do homem é: parar e chamar.
Hoje Jesus parou para ouvir o teu clamor, parou para ver sua necessidade, parou com um propósito chamar você – isso é fantástico, ele te chama para viver com Ele, estar com Ele no lugar certo não mais junto do caminho mais sentado nas regiões celestiais – no lugar do descanso, do refúgio.
Quando foram chamar Bartimeu lhe disseram; “Tem bom animo, levanta-te que Ele te chama”. (v.49)
Tem bom ânimo - mude o sentimento do seu coração, solidão, rejeição, abandono, anime-se e tome posição. O levantar-se é uma atitude de quem vai se mover, atitude de quem vai a algum lugar e o lugar é: atender o chamado do mestre; Ele te chama.
Bartimeu foi ter com Jesus – com quem você está indo se encontrar? Com quem você tem resolvido o problema da sua cegueira?
Jesus fez uma pergunta direta para aquele que foi ao seu encontro; que queres que te faça?
Sua resposta foi: Mestre, que eu tenha vista. Era como se Bartimeu estivesse dizendo: “não agüento mais ficar tateando” de um lado para outro, não agüento mais depender dos outros, não agüento mais depender dos outros para me conduzir, não agüento mais viver de esmolas, não agüento mais essa vida de miséria e ruína, Jesus lhe disse e diz para você: vai a tua fé te salvou – teus olhos serão abertos para uma nova vida – ele viu e seguiu a Jesus pelo caminho.
Quando a cegueira sai você enxerga o caminho, não fica mais andando pelos atalhos, porque o caminho que Jesus tem é sobremodo excelente = ande por ele.
Conclusão.
Estas lições são colocadas em prática mais a frente na vida do cego Bartimeu, que insiste em ser atendido por Cristo mediante o seu clamor. Ele não se deixa intimidar pela força das circunstâncias ou pela oposição das massas, muito pelo contrário ao se sentir acuado pela multidão a sua volta para que parasse de clamar, grita mais alto, o seu brado é mais resistente a tentativa de calar sua voz, o que se pode notar no seguinte trecho deste texto de Marcos 10.48:
“... E muitos o repreendiam para que se calasse, ele, porém, gritava mais ainda...”
Também notamos em sua oração, uma singeleza nas palavras que utilizou. O cego de Jericó não fez uso de um vocabulário rebuscado com metáforas, hipérboles etc. , porém falou com Jesus sobre o que ia em sua alma. Há uma passagem na Bíblia que diz que não é no muito falar que serei atendido, mas na qualidade desse falar.
A oração de Bartimeu é bem simples e curta. Ele não procurou tirar o atraso da oração, muito pelo contrário buscou ser sintético enfatizando o que realmente era importante pedir naquele momento em que orava, vejamos:
...Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!” (Mc 10.47
...Filho de Davi, tem compaixão de mim!” (Mc. 10.48)
Mas o que deveria ser levado em consideração nestas orações? Devemos considerar a existência de uma invocação do nome de Jesus, um chamamento, Jesus é chamado para vir ter compaixão do cego. Bartimeu não busca resolver seu problema por si mesmo, mas sim deseja que Jesus o ajude, intercedendo pela intervenção deste em sua vida. O cego entende que carece de Jesus para resolver aquela questão. Podemos notar aqui que Bartimeu se humilha e reconhece a soberania de Deus, na figura de Cristo.
O que em nossos dias atuais tem tentado calar o nosso clamor a Deus? Serão as dificuldades do dia a dia? Será o nosso próprio eu? Ou serão nossas próprias limitações? A limitação de Bartimeu era sua cegueira física, porém isso não o impediu de ser abençoado pelo verbo em pessoa, Cristo.
Notamos que Cristo pergunta ao cego o que deseja que lhe seja feito. Que coisa estranha! É claro que Ele sendo o próprio Filho de Deus poderia curá-lo automaticamente, sem que houvesse esta necessidade. O Senhor Jesus desta maneira nos apresenta um Deus que se importa com as dores humanas, que busca ter intimidade com o homem e que procura fazer com que o ser humano através de seu pedido, interioriza a divindade como pai.
Afinal esta foi a marca distintiva entre o cristianismo e as demais religiões, pois o primeiro buscava apresentar a divindade bem mais próxima da humanidade, isto é, visando ter com o homem uma relação de pai e filho, bem mais chegada. Até então no mundo o homem da antigüidade apenas conhecia as divindades como seres, coisas, essências ou objetos constituídos de poder sobrenatural, porém sem ter relação pessoal com ele. É na personificação do verbo que isto se realiza, é o próprio Jesus Cristo quem nos dá uma visão diferente de Deus.
A relação entre pais e filhos deve ser baseada no diálogo, na confiança, no amor e no carinho. Um filho que seja educado deste modo, com certeza confiará no pai e lhe pedirá tudo de que necessita, ele não temerá aproximar-se de seu pai, pois se sente a vontade para contar-lhe todas as suas necessidades. E o que vemos neste texto? Aqui Jesus apresenta o Deus Pai na realidade concreta da vida do cego Bartimeu, ao lhe perguntar o que desejava que lhe fosse feito. É óbvio que Jesus sabia qual era o desejo do cego, contudo fez com que ele o externalizasse, desenvolvendo nele uma dependência de Deus. Bartimeu é comparado a uma criança cuja relação com seu Pai é tão boa que ao pedir qualquer coisa a ele, possui a confiança de ser prontamente atendida.
Será que temos nos colocado nas mãos do Senhor Jesus como fez o cego de Jericó? Creio que não, pois muitas das vezes nos achamos com capacidade de resolver nossos problemas e tiramos Deus da posição que lhe é devida em nossas vidas. Mas que posição seria essa? A resposta a essa pergunta é de que a posição do Senhor deve ser a daquele que ocupa o primeiro lugar e não o último. Nosso ego, portanto necessita ser amortecido para realmente nos encontrarmos sob o senhorio de Deus e podermos afirmar como o apóstolo Paulo: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”.

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