Texto: Gn. 32.22-32
Introdução
Jaboque! Isso pode até agora não ter
significado nada para você, mas após esta mensagem, deverá se tornar uma das
mais importantes palavras do seu vocabulário espiritual.
Jaboque é lugar onde Jacó lutou com o
Deus, é onde ele fez sua rendição total a Deus, é onde recebeu um novo caráter
e um novo nome; Israel. É onde deixou abaixo seu último ídolo, e teve a sua
maior vitória.
Antes de prosseguir, vamos buscar na
geografia da Palestina, para ver a anotação de um pequeno afluente do Jordão, à
margem oriental, chegando do território da Arábia, a 70 Km ao sul do mar da
Galiléia e a 38 Km
ao norte do mar morto, chamado Rio Jaboque, ou Ribeiro de Jaboque; ficava na
rota percorrida pelo patriarca Jacó, filho de Isaque, em sua retirada de 20
anos na terra de Padã Arã (Síria), junto a casa de Labão, seu sogro.
Vamos buscar na História e na Bíblia quem
era Jacó? Jacó era filho de Isaque e Rebeca, nasceu como resposta de uma oração.
Isaque seu Pai, após casar-se com Rebeca, percebeu que ela era estéril, e
quando oraram a Deus para que sua madre fosse aberta, (tal tivesse ficado
sabendo do sofrimento de seus pais com o mesmo problema), tiveram sua oração
respondida.
Uma dupla benção alcançou-os, pois logo
perceberam que duas crianças estavam a caminho. O problema foi que essas
crianças transformaram o ventre Rebeca, num ringue de boxe; Gn.
25.22 “e os filhos lutavam dentro dela...”, o que levou a perguntar a
Deus o que era aquilo.
Algo que causou profunda estranheza em
Isaque e Rebeca, foi à promessa que Deus fez, estando às crianças ainda em
gestação: “... e o velho servirá ao novo” (Gn.25:23). Qualquer pessoa
daquele tempo sabia que o filho mais velho era o herdeiro natural do pai quanto
às benesses da família, cabendo aos filhos mais novos obediência e submissão ao
mais velho, mais aqui, Deus surpreende e subverte a ordem.
Por que Deus faz isso, não me pergunte,
pois é impossível explicar essas escolhas divinas, apenas aceitá-la, afinal,
depois que as crianças nasceram mais confundidos se podia ficar, pois enquanto
o mais velho sempre revelou uma vocação incomum para o campo, algo extremamente
necessário para um líder, o mais novo Jacó, sempre foi mais doméstico, ligado a
sua mãe.
Quando soa o gongo final, da luta de
ringue, nasce as duas crianças, dando a ligeira impressão que Esaú o mais velho
levaria vantagem sobre Jacó, nascendo primeiro, mas o segundo mostrando uma
persistência incomum nasce com a mão agarrado a seu calcanhar. A guerra estava
apenas começando.
Jacó nasceu com a promessa que seria o
herdeiro natural do seu pai Isaque: “...e o velho servirá ao novo”, por
isso, não dá para entender o por que ele passou quase que uma vida inteira
lutando por algo que mais cedo ou mais tarde cairia em suas mãos, era só
descansar confiante que Deus cumpriria sua promessa, não precisava nem correr
atrás.
Isso é um fiel retrato de
pessoas que estão na igreja hoje, tentando “dar uma mãozinha a Deus”. Deus não
precisa da sua ajuda para cumprir suas promessas, o que você tem feito é
atrasar o processo do trabalhar divino. Descanse, sabendo que Ele é fiel em
cumprir suas promessas, ainda que lhe pareça tardia.
UMA VIDA DE ENGANOS
Jacó, já de pequeno se mostrou
um “hábil” negociador. Ninguém escapava de seus negócios escusos. Veremos mais
a frente que até com Deus ele tentou negociar.
A vida se encarregou de
separar os dois irmãos, pelo objetivo comum que tinham: o direito à
primogenitura. Enquanto Esaú o mais velho crescia uma criança tranqüila, dado à
caça no campo (um caipirão), Jacó era um garoto caseiro (um mimado mauricinho).
Talvez por isso, Jacó tenha
herdado da mãe o gene da trapaça, pois foi ela quem tramou a falcatrua do
engano no velho Isaque, como veremos mais à frente.
A PRIMEIRA VEZ É INESQUECÍVEL
O primeiro engano de Jacó foi
“um momento especial” para ele. Viu seu irmão sair para a caça, e resolveu
apanha-lo pelo estômago. Ficou a espreita com apenas a fumaça de um saboroso
guisado de lentilhas, exatamente no caminho que Esaú passaria.
O simples pedido de seu irmão
por um bocado de comida, foi o suficiente para Jacó colocar em prática seu
plano de ação: “... Vende-me hoje a tua primogenitura” (Gen.25:31). A proposta
era simples, Jacó trocaria a comida pela primogenitura de Esaú.
O que poderia ser apenas uma
brincadeira infantil (lembra-se quando criança de trocar figurinhas de álbuns
com amiguinhos?), foi levado a sério pelo mundo espiritual, e não tratado como
uma brincadeira, mas como uma profanação (Heb.12:16).
O destino estava traçado,
enquanto Esaú continuaria com suas caçadas vespertinas, esperando o momento que
Isaque seu pai lhe passaria a braçadeira de capitão, Jacó continuaria com sua
vidinha familiar, aplicando seus golpezinhos, até que quem sabe assumisse a herança
paterna.
O que talvez nenhum dos dois contasse,
é que os céus levou a sério o negócio fechado entre eles. Anjos foram
testemunhas daquele momento trágico em que Esaú rejeitou a benção, transferindo
intransferivelmente para Jacó.
DIREITOSDIVINOS X DIREITOS
HUMANOS
Cabe aqui uma ressalva quanto à
escolha divina. É difícil para nossa mente humana entender o porquê Deus fez
isso, escolheu o mais novo ao invés do mais velho, escolheu um trapaceiro no
lugar de um equilibrado.
Uma escolha já traçada do
ventre materno, pois antes mesmo que os dois nascessem Deus já havia feito sua
escolha pessoal: “... Não foi Esaú irmão de Jacó? – disse o Senhor: todavia,
amei a Jacó e aborreci a Esaú...” (Mal.1:2e3). Como podemos explicar que no
ventre materno, Deus já havia amado um e se aborrecido de outro? Impossível.
Coisas de Deus não se questiona, se aceita.
Não estou com isso fazendo
apologia da predestinação não senhores, que para mim, é uma farsa, estou apenas
defendendo um direito divino de escolha para bênçãos específicas.
Se Deus não tivesse o direito
de fazer estas coisas, não seria Deus. Seria apenas alguém refém do homem no
tocante às premissas espirituais, um belo mordomo às nossas ordens. Ainda que
Deus respeite o livre arbítrio do homem, está explicitado na Bíblia que os
caminhos e pensamentos (é no plural mesmo) de Deus são mais elevados que os
caminhos e pensamentos humanos (Is.55:9). É difícil de aceitar, mas se
entendemos que Deus está no controle da situação, é melhor deixar com Ele, Ele
sabe como fazer.
O MOMENTO FATAL
Chegamos ao momento decisivo
do engano maior de Jacó, que influenciaria sua vida para sempre. Alertado pela
mãe Rebeca que o pai Isaque havia feito um simples pedido à Esaú de um saboroso
guisado (Jacó entendia de guisado, já tinha enganado o irmão uma vez com isso,
e poderia usar o artifício de novo, agora com seu pai), para dar a seu irmão a
primogenitura, os dois, mãe e filho, tramaram juntos um meio de tomar de Esaú a
benção.
Enquanto Esaú saiu a caçada,
Jacó preferiu os meios domésticos que era seu habitat, preparando com a mãe um
cabrito, levando ao pai, esperando a benção, aproveitando-se da cegueira de
Isaque, levou a primogenitura no lugar do irmão.
Tão logo acabou de sair, chega
o irmão, esbaforido com a caça, preparando-a rapidamente, talvez quase não se
agüentando de ansiedade, pelo momento especial que assumiria a condição de
chefe maior da grande família, e receberia assim a tríplice aliança patriarcal.
Um dos nomes de Deus mais
comum, autoproclamado por Ele mesmo é: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de
Isaque e o Deus de Jacó”, uma bela referência pessoal de Deus. Imaginemos se
fosse ao contrário: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de
Esaú”, parece que não soaria tão bem...
Após enganar o pai e o irmão,
atraindo sobre si a fúria de Esaú, Jacó e aconselhado a fugir, e sob o pretexto
de buscar uma mulher fora de suas cercanias (mais um embuste de Rebeca, que
considerou as moças locais como vulgares e enfadonhas – Será que eram mesmo?
Gen.27:46), vai a Padã Arã, tentar a vida.
BANALIZANDO UM MOMENTO
ESPECIAL
No caminho, ele tem um momento
especial, pela primeira vez na vida defronta-se com a divindade, algo que era
comum o seu avo Abraão e o seu pai Isaque, aparições teofônicas. Era só erigir
um altar, e lá vinha Deus pessoalmente falar com eles.
Para Jacó era uma experiência
nova, um contato maior com o Senhor de toda glória. Um momento assim, que
poderia servir como marco para Jacó, em que ele vê os céus abertos, vê anjos
descendo, vê uma escada da terra aos céus, e vê o próprio Deus no topo da
escada, deveria ser um momento de triunfal adoração, um momento único na vida
de qualquer ser humano.
Porém, nosso Jacozinho, vai à
direção contrária, aproveita esse momento, para negociar com o criador: “E
Jacó fez um voto dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nessa viagem que
faço, e me der pão para comer, e vestidos para vestir, e eu em paz tornar à
casa de meu pai, o Senhor será meu Deus, e, de tudo quanto me deres certamente
te darei o dízimo” (Gn.28:20e21).
O voto de Jacó não era
condizente com a realidade vivida, por que Ter o Senhor como Deus, era a única
opção que ele tinha, e dar o dízimo, não é questão de voto, era uma questão de
obrigação perante as bênçãos do Senhor. É, Jacó não se emendava mesmo, era
preciso algo bem mais forte, para mudar seus rumos, e esse algo viria na
“Encruzilhada com Deus”.
FINALMENTE UM “ADVERSÁRIO” À
ALTURA
Jacó tornou-se praticamente
imbatível na arte do engano, ninguém era páreo para nosso Jack. Engana com
engenhosos artifícios, e seu arsenal de falcatruas era cada dia mais amplo, até
que encontrou com Labão seu sogro, um expert bem mais experiente nessa área. O
que me impressiona é que Labão era seu tio, irmão de Rebeca sua mãe. Será que o
engano era um “mal de família?”.
Labão conseguiu enganar e
sobrepujar Jacó pelo menos dez vezes, recebendo o troco na mesma altura,
afinal, Jacó não tinha perdido “sua majestade”, e sabia também dar seus pulos.
E foi assim, de engano em
engano, que Jacó casou-se com duas filhas de Labão, recebendo ainda suas
respectivas servas como concubinas, tendo doze filhos com elas. A verdade é que
ele precisava mais do que nunca de uma restauração completa e total de sua
vida, mas como conseguir? Finalmente, num ato de coragem, ele abandona seu
sogro e a terra em que morava, empreendendo viagem à antiga casa dos pais.
Imagine seu coração como não
vinha pelo caminho: Fugindo do sogro e com um medo terrível de seu irmão
lesado, que com certeza, ainda não tinha aplacado sua ira em relação a ele.
Tentou agradar seu irmão,
desconfiado que não fosse aceito por ele, enviando à frente vários presentes.
Dividiu ainda sua família em duas partes, na intenção de pelo menos salvar uma
parte se fosse atacado. Assim vinha ele, o peso dos seus pecados, e a dor de
uma consciência culpada lhe afligia.
NA ENCRUZILHADA
Naquela noite, Jacó toma a sua
família e desce até o vau de Jaboque, um rio bastante raso, e atravessa tudo
que tinha Jacó, porém ficou só e começa afligir sua angustiada alma, numa
oração dolorida a Deus.
Foi nesse momento que sente
alguém lhe tocar, mal tem tempo de virar, agarrado a esse alguém, iniciando uma
violenta luta, em que sua própria vida estava em jogo. Quem sabe que
Jacó não imaginava ser seu próprio irmão? Afinal, no escuro não conseguia
divisar ninguém.
O dia começa a raiar, logo o
sol com seus raios chegará, e Jacó, continua ali, lutando ferozmente com aquele
ser, que já dá sinais que começa a ser “vencido”. “...Não te deixarei ir, se me
não abençoares”. Não tinha jeito, era uma batalha encarniçada, da qual Jacó não
arredaria pé.
“... Qual é o teu nome?”. Que
pergunta profunda. Era como se Deus pedisse a Jacó uma confissão, e ao mesmo
tempo lhe dissesse: “Você está numa encruzilhada. Até aqui Eu vim, mão obstante
todos os seus erros, mas agora não dá mais, ou você muda ou lhe deixo, não
posso continuar no mesmo caminho que seguiste até agora”.
Encruzilhada é uma rua que em
certa altura se divide em duas, uma continua e outra dá uma guinada de 180
graus. Nela se toma uma decisão, ou continua estrada além, ou muda
completamente o rumo.
Quando Deus lhe perguntou o
nome, Ele queria muita mais que Jacó apresentasse uma mudança radical (até o
nome foi mudado), não dava mais para continuar. E foi ali que Deus transformou
radicalmente Jacó.
O QUE ACONTECE NA ENCRUZILHADA?
Pelo menos duas coisas
aconteceram a Jacó no vau de Jaboque, o lugar da encruzilhada com Deus:
a) Muda-se o nome – Foi ali que Jacó deixou de ser Jacó (enganador,
suplantador). Foi ali que o próprio Deus lhe colocou por nome Israel (aquele
que lute e prevalece). É no Jaboque que deixamos de Ter um nome forte humano, e
recebemos um nome divino, é nesta bendita encruzilhada que Deus nos revela seu
caráter santo e verdadeiro, destituindo-nos de todo o eu ou justiça própria.
Quando perdemos nosso nome
(identidade própria), recebemos uma identidade divina e espiritual.
b) Recebemos um sinal: Ali também Deus tocou na juntura da coxa de
Jacó, fazendo-o sair mancando da encruzilhada. Jacó agora era manco, não tinha
mais a agilidade humana para correr. É assim que Deus faz conosco também, esse
sinal é para humilharmos diante dele e só Dele depender.
Jaboque quer dizer:
"lugar da travessia". Também representa luta; esvaziar e transbordar.
Que tremenda verdade é revelada nesse local chamado Jaboque. Tem tudo a ver
conosco nos dias de hoje. É o lugar onde o povo de Deus descobre o segredo do
poder contra todo pecado que assedia. Representa uma crise de vida ou morte -
uma crise que leva à rendição absoluta.
Não pode haver vitória
gloriosa sobre o ego e o pecado enquanto você não for a Jaboque. Chega uma hora
em que precisamos "resolver as coisas com Deus". Temos de enfrentar a
nós mesmos, e nos esvaziar de todos maus desejos e ambição própria.
No passado, os crentes
aprenderam que há duas travessias na
vida do cristão: o mar Vermelho e o rio Jordão. A travessia do mar Vermelho
representa sair do mundo. Fala de um novo começo. Simboliza "ser
salvo". Muitos do povo de Deus saem do Egito, mas nunca entram na Terra
Prometida. Ficam presos no deserto da incredulidade, do medo, da confusão.
Deixam o mundo, mas nunca entram na alegria do Senhor.
Outra travessia é exigida - o
Jordão! O Jordão representa um compromisso de se manter com o Senhor. Batismo
nas águas! Leitura da Bíblia! Testemunho! Desejo de crescer em Cristo! É um
passar para uma vida de louvor. Para muitos, a Terra Prometida representa a
plenitude do Espírito Santo. Um batismo no, e com, o Espírito Santo.
Não é só isso? Uma Terra
Prometida? Uma Canaã espiritual para os filhos de Deus? Salvos, batizados, e cheios
do Espírito Santo?
Os filhos de Israel entraram
na Terra Prometida. Receberam sua herança. Mas nunca entraram efetivamente no
repouso que Deus desejava que entrassem! Esses filhos de Deus, tementes a Ele,
dirigidos pelo Espírito, ainda tinham pecado no coração! Tinham corações presos
à luxúria secreta e à idolatria.
É trágico que o mesmo seja
real ainda hoje. Multidões de crentes cheios do Espírito, e dirigidos pelo
Espírito - nunca conheceram o verdadeiro repouso de Deus! Sua paz é perturbada
por uma consciência com problemas. Deus disse, em relação a Israel "que
não puderam entrar por causa da incredulidade... Portanto, resta um repouso
para o povo de Deus" (Hebreus 3:19-4:9).
É possível ser salvo, cheio do
Espírito, totalmente dedicado à obra do Senhor, e ainda estar preso a um pecado
secreto! É possível expulsar demônios no nome de Cristo, curar os enfermos,
realizar milagres, discernir, produzir grandes obras, tudo em nome de Jesus
Cristo - e ainda ser um obreiro da iniqüidade amarrado ao pecado.
Só Deus sabe quantos cristãos
carregam o peso do pecado secreto, ou da lascívia devastadora. Multidões jamais
experimentaram vitória e livramento total de pecados que os assediam. Muitos
jovens cristãos dedicados enfrentam uma batalha perdida contra o pecado
habitual. Luta contra o desejo por drogas, por álcool, sexo. Eles amam
ternamente o Senhor - mas há "aquela coisa em suas vidas". Odeiam
isso, mas continuam. Não querem abandonar Cristo, ou voltar para o mundo. Mas
ainda há um ídolo que eles não parecem conseguir entregar.
E, sim, os homens e mulheres
de Deus - incluindo ministros do Evangelho - que brigam contra um pecado que os
acossa! Eles têm fome de Deus. Nem por um instante pensam em se voltar às
coisas desprezíveis do mundo. Anseiam pela plenitude de Cristo. Choram por
santidade! São verdadeiramente filhos do Deus Altíssimo.
Mas aquela coisa continua.
Aquele tal problema. Esse pequeno ídolo! Ele os faz sofrer e os leva às
lágrimas. Eles se dilaceram em culpa e condenação. Sentem-se frágeis, sem valor,
confusos. Jejuam, oram, prometem - mas de repente são vencidos, e são levados
como ovelhas para o matadouro.
Há uma
terceira travessia - Jaboque!
Jaboque era um tributário do
rio Jordão. Era um lugar abandonado. O nosso Jaboque tem de ser enfrentado a sós.
Você pode atravessar o mar Vermelho com uma valorosa multidão de remidos que
deixa o Egito. Você pode atravessar o Jordão com o vitorioso exército do Senhor
em torno. Mas
atravessará o Jaboque só! Sem conselheiros, amigos, ajudadores. É uma luta
pessoal - só entre você e o Senhor.
"Jacó, porém ficou só; e
lutou com ele um varão, até que a alva subia" (Gen. 32:24).
Jaboque é onde o Jacó em nós
dá o último suspiro. É onde Deus trata conosco não apenas em relação ao pecado,
mas em relação ao nosso próprio caráter.
Jacó era um homem com
problemas, desesperado. Digamos que Deus o tenha colocado contra a parede. Ele
estava voltando após muitos anos, por sua herança. Esaú, o irmão de quem havia
usurpado a primogenitura, estava indo em sua direção com um exército de 400
homens.
Jacó havia amadurecido de
várias maneiras. Ele agora era um pai amoroso. Era obediente ao Senhor, e
seguia a ordem de Deus para voltar ao lar. Ele amava a verdade. Era um homem
humilde, de oração. Ouça sua prece:
"Menor sou eu que todas as
beneficências, e que toda a fidelidade que tiveste com teu servo..." (Gen.
32:10).
Mas esse servo de Deus -
humilde, obediente, de oração, temente ao Senhor, amante da fidelidade -
continuava em processo de conciliação! Isso quer dizer: "ceder ao perigo
para evitar problema". Paz a qualquer preço inclui concessão!
Em vez de confiar em Deus na
crise, ele aparou as arestas. Tentou inventar um jeito de enfrentar o problema.
Dividiu o gado em diferentes rebanhos, enviando-o á frente para abrandar o
coração do irmão. Bombardeou Esaú com ondas sucessivas de presentes de cabras,
camelos, touros, ovelhas, mulas e carneiros.
"Porque dizia: Eu o
aplacarei..." (v. 20).
Apaziguamento! É nisso que
multidões de cristãos entraram! Cedem ao perigo, porque temem não ter saída!
Ouve-se isso por todo lado atualmente: "Não dá para evitar! Eu não quero
fazer. Odeio o pecado. Mas apesar do meu súper-esforço, cedo e caio!".
Então vez após outra, nós
apaziguamos! Pecamos e confessamos, choramos e confessamos, tentamos descobrir uma
saída. Sim, as arestas, os esquemas, as justificações, as desculpas, os planos
- tudo em vão.
Parecemos fracos contra necessidades e desejos devastadores.
Obediente! De oração! Buscando
a fidelidade! Humilde! Amoroso! Bondoso! Temente a Deus! Mas continua aquele
pontinho negro! Permanece uma resistência secreta no fundo do coração. Continua
o apaziguamento, a maquinação - continua um ídolo em pé - ainda não totalmente
entregue. Ainda não sob o senhorio total de Cristo.
Quero Lhe Mostrar o que Precisa Acontecer
em Jaboque!
1. Em Jaboque - a Religião dá Lugar à
Espiritualidade!
Uma pessoa pode ser muito religiosa, e não
ser nem um pouco espiritual. Jacó havia tido uma experiência muito religiosa em
Betel. Á caminho de Padã-Arã à procura de uma esposa dentre seu próprio povo,
ele teve uma tremenda experiência religiosa.
"E sonhou: eis posta na terra uma
escada cujo topo atingia o céu; e os anjos de Deus subiam e desciam por
ela" (Gen. 28:12).
Deus apareceu e fez um acordo com ele! Era
uma promessa de bênçãos materiais -
"A terra em que agora estás deitado,
eu ta darei...na tua descendência serão abençoadas..." (v. 13, 14).
Jacó grita - "Impressionante - o
Senhor está neste lugar" (v. vs. 16,17).
Jacó denomina este lugar de Betel, e
prossegue em fazer um acordo com Deus. A parte da bênção lhe soa muito bem!
"Se Deus for comigo, e me guardar
nesta jornada que empreendo, e me der pão para comer e roupa que me vista, de
maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai, então, o Senhor será o meu
Deus...e, de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei o dízimo"
(Gen. 28: 20-22).
Esse acordo soa familiar? Me abençoe,
Senhor! Me faça prosperar em todos os meus caminhos! Me dê muito alimento!
Vista-me bem! Cuide bem de mim. Aí então O servirei! Aí então darei o dízimo!
Dê a mim, para que eu possa Lhe devolver!
Pense nisso: Deus está presente - os céus,
abertos! Anjos aparecem! Deus fala! Que experiência religiosa sobrenatural! E
tudo que Jacó vê aí é um acordo para terra, alimento, roupas, prosperidade, e
sucesso em tudo! Foi uma experiência estritamente religiosa.
Betel é a religião popular de nossos dias.
Como Jacó, nossos espíritos de cobiça interpretam as promessas de Deus de modo
materialista. Chegamos ao ponto de profanar a preciosa expiação do Senhor Jesus
Cristo! Gritando palavras religiosas, falamos do poder do sangue derramado de
Cristo. Mas o que estamos dizendo é uma trágica má interpretação daquilo que o
Seu sacrifício na verdade consumou.
Tudo o que alguns vêem é o que podem tirar
disso. Para eles, a expiação significa meramente saúde, riqueza, prosperidade,
e libertação da maldição da pobreza. Estão cegos ao verdadeiro significado da
vitória de Cristo na cruz; cegos ao Seu poder sobre o pecado! Cegos à liberdade
para se sacrificar, sofrer, e servir voluntariamente para o avanço do Seu reino
sobre a terra! Suportar as dificuldades, e sofrer a perda de tudo, se
necessário, para ganhar uma coroa incorruptível.
O que dizer das multidões que adoram em
Betel? E dos pregadores e mestres que ficam presos em Betel - reclamando as
promessas de Betel?
Digo que são pessoas religiosas. Algumas
podem ser muito religiosas. Como Jacó podem ter experimentado grandes
revelações, podem ter visto anjos, e talvez tenham ouvido Deus. Mas em Betel -
a carne ainda está no comando. É um lugar de religião - mas não de real
espiritualidade. É uma revelação parcial. Vale para todas as bênçãos, enquanto
ignora a luta interior íntima! É estar na presença do Senhor, sem tratar da
natureza de Jacó! Isso só ocorre em Jaboque.
2. Jaboque é Um Lugar de Submissão
Completa !
É o local da vitória total contra todo
pecado que assedia! Você não estará pronto para Jaboque enquanto não estiver em
desespero! Você tem de chegar ao fim da linha. Seu peso de pecado precisa lhe
levar à uma crise de vida ou morte.
Que crise Jacó enfrentou. De um lado, Esaú
se aproximava. Do outro estava o próprio Deus, e uma hoste de testemunhas
celestiais. Não dava para avançar. Era fim da linha definitivo! A menos que
ocorresse um milagre, ele era um homem morto. Seus pecados o haviam alcançado.
Por mais de vinte anos ele tinha sido capaz de blefar. Ele havia sobrevivido à
custa de esperteza e dissimulação. Não dava mais para prosseguir - nem mais um
dia - como no passado.
Jacó foi forçado a se expor diante da
atemorizante presença do Senhor - e a se ver como era! Por toda a noite a luta
se feriu. Dessa vez Jacó falou sério! Ele queria a liberdade. Ele queria olhar
o Senhor e o mundo nos olhos, e saber que estava sendo honesto e santo. Ele
queria que a repreensão sobre ele fosse removida. Ele queria livramento.
"Perguntou-lhe, pois: Como te chamas?
Ele respondeu: Jacó" (Gen. 32:27).
Jacó sabia o quê significava o seu nome:
"usurpador de calcanhar". Aquele que engana o irmão, a si próprio, e
tenta esconder isso dos olhos flamejantes de Deus. O que o Senhor estava
dizendo a Jacó era:
"Olhe para você mesmo - no que se
tornou! Não invente desculpas dessa vez! Pelo menos uma vez na vida, enfrente a
realidade! Enfrente a verdade - seja honesto ao extremo - ou não haverá
vitória!"
E lá de dentro vêm - todos os temores
escondidos, e as confissões:
"Deus! Sou falso! Sou tão religioso
por fora, mas por dentro uma mentira! Sou um usurpador! Brinquei com fogo por
muito tempo! Fiquei arranjando desculpas para meus atos, justificando meu
pecado. Perdoe-me, Deus..."
Não pode haver vitória alguma contra
qualquer pecado que assedia, sem que haja o enfrentamento no ponto final em
Jaboque! O temor da justiça e do juízo de Deus contra seu pecado precisa lhe
agarrar com determinação. Você tem de enfrentar a realidade de que não é uma
pessoa especial, imune à exposição pública e ao julgamento. Você tem de
enfrentar o fato de que Deus, em Seu amor, tem de lhe dar um prazo final - uma
última chance de obedecer inteiramente!
Não que a Sua graça seja retirada, ou que
Seu amor e misericórdia tenham se limitado. Mas chega uma hora quando Deus não
pode mais reter o salário do seu pecado! Há uma lei que afirma: "Cobiça
concebida gera morte!" O seu pecado lhe descobre!
Você tem de enfrentar a realidade de que
não pode continuar vivendo uma mentira. Não importa o quão abençoado você é,
não importa o quanto é ungido, não importa que grandes coisas você realizou em
Seu nome - Deus não permitirá licença em aberto para continuar pecando! Você
tem de obedecer ou então ser exposto a todos - e começar a colher o que
plantou.
Enfrente a verdade! Confesse em seus
detalhes feios! "Ó Deus, sou adúltero, fornicador. Não sou melhor do que
as meretrizes e os homossexuais que ficam se empurrando nas ruas! Sou o maior
mentiroso da igreja! Estou enganando a minha família. Não sou o quê as pessoas
pensam que eu sou. Eu sei que vou acabar sendo descoberto. Eu sei que terei de
pagar o preço pelo que estou fazendo - então assuma isso, Senhor!
Faça-o agora!
Não quero ter de carregar esse peso nem mais um dia! Liberte-me! Cansei de
representar!"
Em Jaboque, Cristo nos liberta daquele
pecado que nos assedia, transformando a intimidade do nosso caráter.
"Então, disse: Já não te chamarás
Jacó e sim Israel, pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e
prevaleceste" (Gen. 32:38).
Poder de prevalecer através de um novo
caráter! Prevalecer quer dizer: "conquistar supremacia, vitória,
superioridade". Jacó agora sabia que estava em seu poder o obedecer,
porque o Senhor aceitou seu compromisso de submissão.
O nosso Senhor não está interessado
simplesmente em nossa vitória sobre certos pecados. Ele quer nos transformar em
novas pessoas, com corações puros e mãos limpas. Nós precisamos de uma
transformação de caráter.
Só precisou uma única noite desesperadora
de enfrentamento da verdade. Uma noite de combate contra a velha natureza! Jacó
teve uma profunda mudança em seu corpo e em sua alma. Ele acertou as diferenças
com o Senhor, e prevaleceu. O Senhor viu seu desespero, ouviu seu angustiante
pedido - e o tocou! O Senhor propositalmente o enfraqueceu! Ele deslocou seu
quadril!
Um dos maiores milagres que o Senhor pode
operar a nosso favor, é aleijar nossos esforços humanos e nos tornar totalmente
dependentes dEle. Você vai sair mancando de Jaboque, humilhado e aleijado -
bradando: "Ó Senhor-- fiz minha rendição total. Entreguei todos os meus
pecados. O meu ídolo foi esmagado. Mas não vou conseguir vitória sem ajuda
sobrenatural. O Senhor me trouxe a esse ponto de obediência absoluta - agora,
sustente meu compromisso de modo sobrenatural. Faça-me querer e realizar a Sua
perfeita vontade".
3. Jaboque é o Lugar dos Céus Abertos
Deus se revela unicamente àqueles que
"ficam livres do dolo". Dolo é o erro, desonestidade, pecado escondido!
Ouça a gloriosa promessa que Jesus fez a
Natanael, dentre os Seus: "Jesus viu Natanael aproximar-se e disse a seu
respeito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!...Porque te disse
que te vi debaixo da figueira, crês? Pois maiores cousas do que estas
verás...Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de
Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem" (João 1:47-51).
Unicamente ele recebeu essa gloriosa
promessa - Natanael, não há dolo ou desonestidade em você. Você é um livro
aberto. Sem obras ocultas de pecado! Nada atrapalhando sua vida. A você será
dado um céu aberto! Você verá coisas que poucos vêem. Revelação plena é sua,
pois não há dolo em você!
O nosso Senhor deseja desesperadamente
abrir Seu coração para nós, e nos guiar à toda verdade. Mas nosso dolo impede.
É por isso que Jaboque é tão necessário! É o lugar para se depositar todos os
vestígios finais do dolo, do engano, da desonestidade! Assim os céus estarão
abertos para nós! É verdade que os nossos pecados afastam Sua face de nós.
Jacó mudou o nome de Jaboque para
"Peniel". Peniel significa "a face de Deus"."Vi a Deus
face a face, e a minha vida foi salva" (Gen. 32:30).
Jacó agora é um homem espiritual. Nada de
falar de bênçãos materiais - terras, comida, roupas, sucesso. Ele havia visto
Deus, e tinha sido tocado. Agora deixou de ser gado; agora é Cristo.
Os céus ainda uma vez se abriram. A
escadaria reapareceu, com anjos subindo e descendo. Mas agora ele compreendia o
significado mais profundo desse céu aberto. Significa acesso ao Pai! Significa
conhecê-Lo. Significa sentar-se nos lugares celestiais. Alegria indizível. O
brilho de Sua presença. O som de Sua voz. Agora, todos os valores espirituais.
Jacó tinha desperdiçado mais de vinte
anos. Ele poderia ter desfrutado anos de céus abertos. Ele poderia ter tido
unidade com seu irmão e com Labão. Mas os céus tinham se fechado para ele - por
causa do dolo. Sei que eu, também, desperdicei anos preciosos, tendo o céu
ficado às vezes como uma barra de metal. Os meus ídolos íntimos - o meu dolo
não submisso - trancavam o céu. Eu impedia a chegada da revelação da plenitude
de Cristo. Eu tinha senão uma visão parcial.
Mas em Jaboque o Senhor ouviu o meu grito,
e me libertou! Fiz um compromisso de segui-Lo em submissão absoluta. E então os
céus se abriram para mim de novo! Ainda sou tentado - às vezes falho. Mas sei
que a obediência outra vez abrirá os céus para mim.
Os céus estão abertos para você? O Senhor
está se revelando a você em verdade e em santidade? Se não estiver, você poderá
estar bloqueando isso por estar agarrado a um ídolo! Pecado secreto pode ser a
causa da sequidão e da sua cegueira espiritual. E não pode haver nem amor e nem
unidade na igreja, enquanto o povo de Deus não tiver vidas puras e obedientes.
Sim, somos amados! Mas também vamos ser
julgados! O julgamento está se iniciando pela casa do Senhor! A igreja inteira
de Jesus Cristo está sendo levada para Jaboque! Nenhum de nós escapará desta
crise.
"Porque, se vivermos deliberadamente
em pecado, depois de termos recebido o
Conclusão
Se você se sente um herdeiro das promessas
divinas e está passando por dificuldades, comece agora uma luta com Deus. Creia
Nele. Se agarre com Ele agora com fé. Se as suas dificuldades são financeiras,
espirituais, psicológicas, sejam quais forem, creia agora no poder de Deus.
Jacó tinha um exército de inimigos à sua frente, vindo ao seu encontro,
conforme Gênesis 32.6. Mas se agarrou a Deus, exigiu uma benção e Deus o abençoou.
Talvez esteja enxergando à sua frente um exército de problemas e não sabe como
vencê-los, chegou a hora de você lutar com o Todo Poderoso e pedir uma benção.
Agarrar aquele que está em você.
Jacó foi um exemplo de oração eficaz, não
somente por ser um herdeiro das promessas divinas, mas por ser também alguém
que vive de acordo com a vontade de Deus, aconteça o que acontecer.
A vida de Jacó ensina que não adianta
orar, orar, orar e orar, sem viver no centro da vontade de Deus. Se você quer
Ter os seus problemas resolvidos faça primeiramente a vontade de Deus. Entre na
máquina do tempo, volte ao passado de sua vida, analise-se a si mesmo e veja as
coisas que Deus pede na sua palavra para que você faça e que você deixou de
fazê-las. Você pode pensar: É difícil muitas vezes, fazer a vontade de Deus,
concordo, mas faça a vontade dele para que você veja o milagre divino em sua
vida. Jacó quando ouviu a voz de Deus para que ele saísse de sua terra, ele
saiu sem medir esforços. E foi bem por este motivo que pode agarrar nas vestes
do Senhor, exigir uma benção e ser abençoado. Se você sente que está fazendo a
vontade de Deus, mas passa por problemas, agarre agora ao Todo Poderoso, lute
com Ele, não meça tempo ou esforços e Ele vai te abençoar. O ser, viver e
reconhecer de Jacó são um exemplo de oração eficaz.
Sendo assim, é importante reconhecermos a
cada dia que nossa vitória nas orações depende exclusivamente da graça de Deus.
Devemos a cada dia, assim como Jacó, olhar para dentro de nós mesmos e procurar
entender por qual razão tem sobrevivido diante de Deus em nossas lutas
espirituais. Devemos carregar em nossas consciências os seguintes
questionamentos: Porque o Senhor não me fez aos pedaços, uma vez que Ele
poderia? Por qual razão eu posso me apresentar diante do trono do Todo Poderoso
pela fé e suplicar-lhe uma bênção, mesmo sendo tão pecador? Qual é meu ponto
fraco, e se caso o Senhor tocá-lo será que eu me tornaria em pedaços, ou
carregaria comigo os resultados da minha fraqueza?
Que venhamos cumprir estes requisitos,
lutarmos e receber a benção de que tanto necessitamos. Mas sem esquecer que o
Senhor conhece nosso íntimo e que cada uma de nossas vitórias em oração é a
prova de que somos fracos e dependentes da graça de Deus.
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