sábado, 20 de outubro de 2012

Quem é o meu próximo?


Texto: Lucas 10. 25-35

Antes de tecermos algum comentário sobre esta belíssima parábolas do Bom Samaritano convêm explicarmos o que significa uma parábola. Parábola é uma narrativa, imaginaria ou verdadeira que se apresenta com o fim de ensinar uma verdade.

Difere do provérbio neste ponto: não é a sua apresentação tão concentrada como a daquele, contém mais pormenores, exigindo menor esforço mental para se compreender.

E difere também da alegoria, porque esta personifica atributos e as próprias qualidades, ao passo que a parábola nos faz ver as pessoas na sua maneira de proceder, e, de viver.

Também difere da fábula, visto como aquela se limita ao que é humano e possível. O emprego contínuo que Jesus fez das parábolas está em perfeita concordância com o método de ensino ministrado ao povo no templo e na sinagoga.

Os escribas e os doutores da Lei faziam grande uso das parábolas e da linguagem figurada, para ilustração das suas homilias. A parábola tantas vezes aproveitada por Jesus, no Seu ministério (Mc 4.34), servia para esclarecer os Seus ensinamentos, referindo-se à vida comum e aos interesses humanos, para patentear a natureza do Seu reino, e para experimentar a disposição dos Seus ouvintes (Mt 21.45; Lc 20.19). As parábolas do Salvador diferem muito umas das outras. Algumas são breves e mais difíceis de compreender. Algumas ensinam uma simples lição moral, outras uma profunda verdade espiritual, como esta que será motivo de nosso estudo.

Num mundo essencialmente egoísta, a parábola do samaritano é um alerta para nós. Nosso mundo, apesar de grande na extensão territorial, tem sido encurtado dia a dia por conta do avanço tecnológico, da comunicação e dos transportes. As facilidades diminuem a distância entre as pessoas, mas apesar dessas facilidades, fica uma pergunta “quem é o meu próximo e como ele está? ”


Pergunta: "Qual é o significado da parábola do Bom Samaritano"

Resposta: A Parábola do Bom Samaritano é precipitada por e em resposta a uma pergunta feita a Jesus por um advogado.  Neste caso, o advogado teria sido um especialista na lei de Moisés e não um advogado corte de hoje.  O advogado pergunta foi: "Mestre, que farei para herdar a vida eterna?" (Lucas 10:25). O texto diz que o escriba (advogado) tinha colocado a pergunta a Jesus como um teste, mas o texto não indica que houve hostilidade na pergunta. Ele poderia simplesmente estar buscando informações. A formulação da questão, no entanto, dá-nos algumas dicas sobre onde o coração do escriba foi espiritualmente. Ele estava fazendo a suposição de que o homem deve fazer algo para obter a vida eterna. Embora esta pudesse ter sido uma oportunidade para Jesus discutir a questões de salvação, Ele escolheu um rumo diferente e se concentra em nossos relacionamentos; e o que isso significa amar.

Para responder essa pergunta, Jesus contou a parábola do bom samaritano (Lc 10: 25-37).  
Na composição da parábola, aparecem alguns elementos muito conhecidos das pessoas que leem as Escrituras. A narrativa começa assim: um homem descia de Jerusalém para Jericó e foi assaltado, bateram nele, tomaram seus pertences e o deixaram meio morto. Por ali passava um sacerdote, um levita e um samaritano. Os líderes religiosos, de quem se espera uma postura diferente, esses passaram e foram embora. Mas o samaritano, considerado uma pessoa impura e sem nenhum crédito naquele meio, compadeceu-se do homem ferido, sem medir consequências coloca a mão no arado, socorrendo o homem, procurando um lugar para que pudesse ter a sua recuperação com a dignidade e o valor concedido por Deus como ser criado.

Jesus responde a pergunta usando o que é chamado o método socrático, ou seja, respondendo a uma pergunta com uma pergunta: "Ele disse-lhe: 'O que está escrito na lei? Qual é a sua leitura do mesmo?” (Lucas 10:26). Ao referir-se à Lei, Jesus está dirigindo o homem a uma autoridade que ambos seria aceitar como verdade, o Antigo Testamento. Em essência, ele está pedindo, o escrivão, o que as Escrituras dizem sobre isso e como é que ele interpretá-la? Jesus evita, assim, um argumento e se coloca na posição de avaliar a resposta do escriba, em vez de o escriba avaliar sua resposta. Isso direciona a discussão para lição pretendida Jesus. As respostas escriba A pergunta de Jesus, citando Deuteronômio 6:5 e Levítico 19:18. Esta é praticamente a mesma resposta que Jesus tinha dado à mesma pergunta em Mateus 22 e Marcos 12.

No versículo 28, Jesus afirma que a resposta do advogado é correta.  A resposta de Jesus diz ao escriba que ele tem dado uma resposta (biblicamente apropriado) ortodoxa, mas depois passa no versículo 28 para dizer-lhe que este tipo de amor requer mais do que um sentimento emocional, que também incluem a prática ortodoxa, ele precisaria de "praticar o que pregava." O escriba era um homem educado e percebeu que ele não poderia manter essa lei, nem ele teria necessariamente queria.  Sempre haveria pessoas em sua vida que ele não poderia amar.  Assim, ele tenta limitar comando da lei, limitando seus parâmetros e fez a pergunta "quem é o meu próximo?" A palavra "vizinho" no grego significa "alguém que está perto", e em hebraico significa "alguém que você ter uma associação com”. Este interpreta a palavra em um sentido restrito, referindo-se a um judeu e teria excluído samaritanos, romanos, e outros estrangeiros.  Jesus, então, dá a parábola do Bom Samaritano, para corrigir o falso entendimento de que o escriba tinha de que seu vizinho é, e que o seu dever é o de seu vizinho.

O homem que descia de Jerusalém representa qualquer um de nós que, frequentamos uma igreja confortavelmente acomodada em nossa religiosidade, afazeres e obras levando-nos a uma vida sonolenta e tediosa. Esta situação cômoda, muitas vezes abre oportunidades para desejos fora das linhas espirituais. Aquele homem por certo tinha todas as mordomias que uma igreja contemporânea, mas em sua caminhada de sonolência espiritual, ouvindo falar das delicias, luzes, cores e perfumes do mundo, resolveu deixar tudo, como fez o “filho pródigo”, saindo de Jerusalém* – que na época, como Atenas era o centro intelectual – foi tentar fazer um passeio fora da segurança e proteção de Jerusalém que representava a centro religioso, onde se encontrava o templo, lugar de adoração, louvor e gratidão ao Deus de Abrão, Isaque e Jacó, indo para Jericó – “Lugar de Fragrâncias”, dos perfumes dos sonhos e ilusões, chamados também de “Cidade das Palmeiras”. No tempo de Jesus era a segunda maior cidade da Judéia. Ali Jesus curou o cego Bartimeu. Lá em Jericó se encontrava o Palácio de inverno, um hipódromo e uma fortaleza todos construídos por Herodes o Grande! Era, portanto uma bela cidade cheia de atrativos.

Até Jericó havia dois caminhos, um era mais longo, mas era seguro, o outro era mais curto, mas perigoso denominado “caminho sangrento”, devido ao grande número de crimes horrendos! Tinha 27 km de extensão, uma descida íngreme de 1040 metros, desolada e muito perigosa infestada de assaltantes que não tinham respeito pela vida humana. 

Foi por este caminho que nosso personagem resolver visitar Jericó, que não contava com os salteadores que de modo cruel:

- O despojaram (significa Roubar ou saquear como ato de guerra. O substantivo despojos refere-se aos objetos pilhados dessa forma).

- espancaram (significa bater com força em todas as partes do corpo).

- Se retiraram (significa foram embora como se aquilo fosse coisa natural ou de pequeno significado para eles).

- Deixando “meio morto”, para eles nada mais importava, já tinham alcançado seu objetivo.

Por aquela mesma estradas aparecem duas figuras de grande importância para a época, o Sacerdote e o Levita. Ambos representavam os homens comissionados por Deus para estender as mãos aos necessitados com altruísmo que seria sua marca registrada, mas foram egoístas e fugiram da responsabilidade, talvez por medo de serem também assaltados!

Ai aparece o personagem mais importante desta parábola o Samaritano, próxima pessoa a passar por ali, a uma menor probabilidade de ter mostrado compaixão para com o homem.  Samaritanos eram considerados uma classe baixa de pessoas por judeus, uma vez que tinha se casado com não judeus e não manter toda a lei.  Por isso, os judeus não teria nada a ver com eles.  Nós não sabemos se o homem ferido era um judeu ou gentio, mas não fez diferença para o samaritano, ele não considerou a raça ou da religião do homem.  O "bom samaritano" viu apenas uma pessoa em necessidade urgente de assistência e ajudá-lo ele fez, acima e além do mínimo exigido. O Samaritano que ia de viagem, tinha um destino e um compromisso por certo não podia parar, não podia perder tempo porque “ia de viagem”, mas, vendo aquela cena, um homem caído, ensanguentado, sujo, ferido por todo o corpo, à primeira vista morto, não haveria mais nada a fazer, e, o Samaritano descendo de seu jumento:

- Chegou ao pé dele
- Vendo-o
- Moveu-se de íntima compaixão
- Aproximando-se
- Atou-lhe as feridas
- Deitando-lhe, azeite e vinho,
- Pôs sobre sua cavalgadura
- Levou-o para a estalagem
- E cuidou dele
- Antes de partir
- Tirou dois dinheiros
- Deu-os ao hospedeiro
- Disse-lhe: cuida dele
- E tudo o que gastares te pagarei quando voltar!  
Em resumo aquele homem que não estava comissionado a fazer tal serviço – como o sacerdote e o levita – mas, deixando seus afazeres tomou as providencias necessárias porque sabia que aquele homem ainda vivia e precisava de socorro, então:
1- Curou as feridas;
2- Usou o que de melhor Ele tinha – azeite e vinho – símbolos do Espírito Santo e do Sangue Purificador de Jesus;
3- Deu a ele o melhor meio de transporte – a sua própria condução
4- Levou-o para um abrigo seguro – a estalagem – figura da igreja!
5- Cuidou dele enquanto na UTI espiritual
6- Não o abandonou, mas deixou pago o suficiente para se recuperar – 2 dinheiros ou denários eram suficiente para 32 dias de hospedagem naquele hotel cinco estrelas
7- Passou então a responsabilidade para àquele que acabara de dar “dois dinheiros” - ou talentos – para que continuasse a cuidar com zelo daquela alma preciosa.
8- E prometeu tudo o mais que você gastar investir nesta vida preciosa eu te pagarei quando voltar!
Olhando para o texto apreendemos três lições:

Primeira lição:  Meu próximo pode aparecer de forma inesperada e precisar da minha compaixão. Nisto está a beleza do cristianismo. O homem foi e sempre será o objeto maior do amor de Deus. Precisamos mostrar pelas nossas atitudes se Cristo vive em nós. Como disse Paulo, devemos demonstrar se estamos ou não crucificado com ele. Certamente, é mais fácil ser um bom médico do que um bom pai ser um bom engenheiro do que um bom marido. Nem todos assimilam com precisão essas exigências propostas pelo cristianismo.

O cristianismo ensina que a mesma proporção que eu me dedico para ser um bom médico deve fazê-la para ser um bom pai, bom engenheiro e bom marido. Vejam o sacerdote e o levita que pregavam à ética e o amor ao próximo com suas leis rígidas, esqueceram que, acima de tudo isso, está o amor e a compaixão. O problema é que compaixão não surge em nossas discussões acaloradas, em que a oratória sobrepõe a razão. Compaixão é algo que vem de dentro do coração da alma piedosa que aprendeu com Cristo o que significa misericórdia. Não é discurso, não são palavras sem emoções verdadeiras. Misericórdia e compaixão, foi esse o tratamento que Jesus demonstrou ao jovem rico, foi à manifestação do pai na recepção do pródigo que voltava para o convívio da família depois dos maus tratos e sofrimento. Não haverá sacerdócio nem levita verdadeiro sem esses dois atributos: compaixão e misericórdia.

Segunda lição: Meu próximo sempre espera de mim uma resposta que satisfaça sua necessidade. Ao ver o homem caído, o samaritano parou e foi ao seu encontro, demonstrando não o título que carregamos que legitima o que pregamos ou ensinamos em nossos púlpitos e igreja, mas sim aquilo que acontece no dia a dia a favor do meu próximo. Temos visto dezenas de pessoas com muita conversa bondosa, mas que não concretizam suas ações; desculpem amados, mas conversa bonita sem ação não dá liga. Acredito que isso tem se tornado enfado aos ouvidos de Deus, precisamos  mesmo é fazer algo. O meu próximo não vive só de teoria. Alguém dirá que as obras não salvam o que é pertinente, mas são frutos da verdadeira fé. 

Observem o que diz Tiago (2: 14-17): meus irmãos, de que adianta alguém dizer que tem fé se ela não vier acompanhada de ações? Será que essa fé pode salvá-lo?  Por exemplo, pode haver irmãos ou irmãs que precisam de roupa e que não têm nada para comer, se  vocês não lhes dão o que eles precisam para viver, não adianta nada dizer: “Que Deus vos abençoe! Vistam agasalhos e comam bem”. Podemos ir à igreja, levar nossos dízimos e  ofertarmos,  cantarmos belos louvores, o que certamente alegrará o Senhor, mas quando chamados a socorrer alguém, devemos agir com alegria.

Terceira lição: Meu próximo pode sofrer cada vez mais quando e me esquivo a ajudar e quando eu deixo aflorar o meu egoísmo.

Na parábola contada por Jesus, se fosse hoje, nocautearia gente do alto escalão da igreja. O que temos de liderança mesquinha e avarenta em toda a esfera do cristianismo é impressionante, na prática contestam, mas estão fazendo uso daquele jargão famoso: ”faça o que eu mando, mas não o que faço”. Por essa razão, sem medo de errar, essa foi a maior lição que o texto nos ensina. O que existe de sacerdote e levita passando de longe e por longe dos necessitados é um absurdo. Tem gente que tem um slogan assim: “o que é meu é meu, é somente meu, solidariedade nem pensar.” Mas, como diz a palavra, Deus tem os seus remanescentes, por isso, obrigado Senhor, e bendito sejam os samaritanos que o Senhor tem deixado de plantão em nosso meio.

Acho que já podemos responder à pergunta da parábola. O meu próximo é qualquer pessoa que precisar de mim em qualquer lugar, em qualquer circunstância. E não é preciso ser sacerdote, muito menos levita. Acho que já podemos agradecer repetindo o que dissemos há pouco: bendito sejam os samaritanos, que o Senhor tem usado para nos ensinar essa preciosa lição. Que Cristo trabalhe em nós, transformando o nosso coração, para servirmos com amor.

Conclusão

Ao término do encontro desta maneira, Jesus está nos dizendo para seguir o exemplo do samaritano em nossa própria conduta, ou seja, devemos mostrar compaixão e amor por aqueles que encontramos em nossas atividades cotidianas.  Devemos amar os outros (v. 27), independentemente da sua raça ou religião, o critério é necessidade.  Se eles precisam e nós temos a oferta, então estamos a dar generosamente e livremente, sem expectativa de retorno.  Esta é uma obrigação impossível para o advogado e para nós.  Nem sempre podemos guardar a lei por causa de nossa condição humana, o nosso coração e os desejos são principalmente de si e do egoísmo.  Quando deixou a nossa, nós fazemos a coisa errada, não cumprir a lei.  

Podemos esperar que o advogado visse isso e chegou à conclusão de que não havia nada que pudesse fazer para justificar-se, que precisava de um salvador pessoal para expiar a sua falta de capacidade de salvar-se de seus pecados.  
Assim, as lições da Parábola do Bom Samaritano são três: 
(1) estamos a pôr de lado nosso preconceito e demonstrar amor e compaixão pelos outros.  

(2) O nosso próximo é qualquer um que encontramos, somos todas criaturas do Criador e que devemos amar toda a humanidade como Jesus ensinou.  

(3) Manter a lei em sua totalidade com a intenção de salvar a nós mesmos é uma tarefa impossível, precisamos de um salvador, e este é Jesus.

Não há outra maneira possível interpretar a parábola do Bom Samaritano, que é como uma metáfora.  Nesta interpretação o homem ferido é todos os homens em sua condição caída do pecado.  Os ladrões são Satanás homem atacando com a intenção de destruir a sua relação com Deus.  O advogado é a humanidade, sem a verdadeira compreensão de Deus e Sua Palavra.  O sacerdote é a religião em uma condição apóstata.  O levita é legalismo que instila prejuízo para os corações dos crentes.  O samaritano é Jesus que fornece o caminho para a saúde espiritual.  Embora essa interpretação ensine boas lições, e os paralelos entre Jesus e a samaritana é impressionantes, esse entendimento chama a atenção para Jesus, que não parece ser destinado no texto.  Portanto, devemos concluir que o ensino da Parábola do Bom Samaritano é simplesmente uma lição sobre o que significa amar o próximo.

Fica a questão para meditarmos:

1- Temos permanecido em nosso lugar – Jerusalém – (a igreja) ou temos sido instáveis ao ponto de desejar ir até Jericó – o mundo com suas ilusões?

2- Resolvemos ir até Jericó e fomos interceptados por Satanás que nos despojou de nossos melhores dons e talentos?

3- Estamos meio mortos?

4- Fomos rejeitados pela liderança?

Ou:

1- Temos recebido a atenção do Bom Samaritano e dado o devido valor a isso?

2- Ele curou nossas feridas e temos sido gratos por isso?
3- Temos dado graças pelo melhor lugar que Ele idealizou para nos proteger e nos manter restaurado?

4- Temos crido em suas promessas que Ele voltará?

Que o Senhor tenha misericórdia de nós quer sejamos líderes espirituais ou ovelhas do seu redil.

Um comentário:

  1. Pr a paz do Senhor Jesus. Que bença de eatudo, que Deus lhe abençoe grandemente...

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